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Chora a música da minha vida
Em ti amei em meio as minhas dores
– Tão perdida, tão perdida
E deste aos defuntos comer as flores

Chora a aurora da minha vida
Sou eu uma encarnada contradição
– Tão perdida, tão perdida
Desatando os elos da criação!

Morte alada espero eu, nos confins
Perdida vida eu desespero
Castelos, masmorras de jasmins
Nem por Deus nem por ninguém eu mais espero!

Quero morrer assim, num quanto qualquer
De um mundo só meu!
Quero ser o que Deus não deu
Morrendo para sempre, a morte tão bem me quer!

Quero morrer na luz, do instinto
Vagos ao longe dos assomos passageiros
Quero ser para sempre os luzeiros
Do meu ideal indistinto.

Chore a aurora para sempre a minha vida
Chorem os palhaços nos pedestais da crença
E por fim, tão perdida, tão perdida
A minha vida seja a eterna musa da Indiferença!
Inspired in Álvares de Azevedo.

— The End —