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De onde vens, ó andarilho?

Já não me lembro...
A tempos caminho por esta estrada
Mas não sei de onde vim

E para onde ela segue?

Também isso não sei, simplesmente continuo a caminhar...
Se me perguntas, acaso saberias o destino?

Venho da direção oposta à tua
E assim como tu, me esqueci de onde parti

Havia um menino
Que gostava de construir castelos de areia
Cada vez que construía
O vento soprava forte e desmoronava um pedaço de si

Até que um dia
restou apenas...
Areia

Havia outro menino
Que gostava de destruir castelos de areia
Cada vez que destruía
Um pedaço de si mesmo também desmoronava

Até que um dia
restou apenas...
Areia

Vagavam então pelo deserto que eles mesmos construiram
O Sol escaldante era como a sombra
A mais profunda e obscura sombra
Que queimava seus corações
e lhes cegava os olhos

Cegos e perdidos nas areias do esquecimento
Ao fim eram como um só
Caminhando em direções opostas
Carregando o mesmo destino
Othon Jun 18
Chora, música da minha vida —
Em ti amei, mesmo entre dores...
— Tão perdida, tão perdida...
E aos defuntos deste de comer as flores.

Chora, aurora da minha vida!
Sou uma encarnada contradição...
— Tão perdida, tão perdida...
Desatando os elos da criação!

Morte alada, espero nos confins —
Vida perdida, meu desespero...
Castelos, masmorras de jasmins —
Nem por Deus, nem por ninguém mais espero!

Quero morrer assim — num canto qualquer
De um mundo só meu, inteiro.
Quero ser o que Deus não quer:
Morrer para sempre — e ser o derradeiro!

Quero morrer na luz do instinto,
Vagos ao longe dos assomos passageiros.
Quero ser, para sempre, indistinto —
Luz e sombra dos meus luzeiros...

Chora, aurora — para sempre — a minha vida!
Chorem os palhaços nos pedestais da crença!
E, por fim — tão perdida, tão perdida...
Minha vida seja a musa da Indiferença.
Inspired in Álvares de Azevedo.

— The End —