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Wörziech Nov 2014
Um medíocre seixo formado por um aglomerado espalhafato de pulgas flutua e veleja por oceanos saturados de desaproveitas lágrimas amarelo-chumbo nas mais desoladas camadas de sua privativa órbita, em uma intersecção de múltiplos limbos supra-reais, bem entre dois muros de um corredor estreito, escuro e corroborado pelo lodo - sobre o qual, cabe-se dizer, resta imóvel uma pequena patrola laranja de brinquedo, esquecida.

Inevitável e também incoerente,
Continuar a ser (peleja)

"Um equívoco desmistificado; uma perturbação"

Os ideais se contrapõem aos já extintos/
Sedimentos navegam eternamente sem rumo/
Inexprimível Sensível/
O oculto que assim permanece/

Pedregulho pulguento perpetuamente a protuberar-se na imensidão dos mares de um ópio por si próprio proferido, ofendendo e perseguindo leis individuais de universo, causando o óbito comum a todos os parciais ínfimos pares de não-instantes, parados.

Estarrece-se o lógico pela busca do externo consenso, indiferente a todo gotejar de pia:
fundir-se pela semelhança!
tornar-se pela simples analogia!

****-Sutra; ****-Isso.
****-Tundra; ****-Aquilo.
**** Sapiens
**** Gênio

Entrementes,
através de seus poros abertos pela alta temperatura,
sente por seu corpo, de muitos corpos,
a circulação efervescente do mais intenso calor,
o sopro de vida hebraico de um cosmos também filisteu,
(de tudo aquilo que pode até não estar de todo vivo - ou de todo morto);
contradição de um todo-devir também carrasco, mas, em essência, todo-devir de um sorrateiro espaço de tempo do bater de asas de um besouro não mais vivo e nunca catalogado, capturado somente por um pequenino ponteiro vermelho de segundos de um relógio velho, possuído,  em circunstâncias afortunas, por uma avó - ainda hoje vivente - de um tempo atormentado pela tirania e propositalmente esquecido, a proferir não só eternidades-nascedouros e cede ansiada, como, de igual infinita intensidade, a inferir a sublimidade em poderios majestáticos estruturados na mais esplendorosa magia humana, a sua despropria linguagem;

...se apercebe o amontoado, tudo, menos genérico, mesmo não sendo, agora, inseto, nem humano, apenas animal,

Que
Mantêm-se
em correnteza,
Metamorfose lavareda.
Rui Serra Mar 2015
convida
alucina
insinua
cativa
corrompe
escraviza
corrói
consome
­domina
enfraquece
humilha
e MATA!

o poder não pertence aos homens.
o poder é o brinquedo dos deuses.
Mistico Mar 2
Muitos pensam que entrar na vida de alguém
é tão simples quanto permanecer,
mas esquecem que corações não são portas abertas,
são laços que se tecem sem perceber.

A proximidade cresce com gestos sutis,
o apego se infiltra sem permissão.
Talvez eu tenha me entregado sem querer,
ou talvez, no fundo, tenha querido sem saber.

O olhar se transforma, o medo desperta,
o desejo de estar, de sentir, de pertencer.
Mas e se tudo for apenas um jogo?
Se eu for só um brinquedo, e o erro for meu?

A própria ilusão me embriaga,
me vicia como droga sutil.
No momento, é êxtase, é luz, é vida,
mas quando o efeito se esvai,
a dor sufoca, a depressão afoga,
e o mar que me carrega não me deixa sequer boiar.

E assim, o ciclo se repete,
um querer que ao mesmo tempo nega,
um desejo que nunca se cumpre,
um vício que finge ser amor.

Mas a questão não é viver nessa escuridão,
é encontrar frestas de luz para respirar.
Nem que seja um segundo, um instante,
onde a mente se desvia, e o coração repousa.

Pois esse único segundo pode ser tudo,
o instante que reconstrói, que resgata, que liberta.
E então, o mar evapora,
a ilusão se desfaz,
e resta apenas você,
aprendendo, enfim, a nadar.
margarida 21h
lembra-me um sonho
esta noite que passámos
onde a vulnerabilidade
permitiu que fossemos
inevitavelmente desejados
um pelo outro.

mas, tal como o sonho
tudo acaba quando acordamos
onde resta a minha dignidade?
e se prometessemos
ficar de olhos fechados
nos braços um do outro?

talvez de manhã
ainda pudesse saborear
o teu beijo uma ultima vez.
um escape de realidade,
um engate conveniente
uma noite que fica para sempre.

talvez amanhã
quando eu te ligar
e atenderes desta vez
verás que a minha sobriedade
só me deixou mais contente
por termos dormido frente a frente.

as minhas mãos tremidas
os teus calos nos dedos
a tua boca quente na minha
os nossos suspiros conjuntos
lembra-me um sonho
dos mais bonitos que tive.

com medo de ser esquecida,
medo de ser mero brinquedo,
não disse nada do que tinha
para dizer, porque juntos
foi a primeira vez que o sonho
me disse: “vive, margarida, vive!”

espero não me arrepender
de te ter dado o meu anel
que nunca sai do meu indicador
mas que naquela noite
só parecia encaixar
contigo, de mãos dadas comigo.

não sei se me vais responder
ou se preferes ser fiel
à tua propria dor.
só sei que foi a melhor noite
que podia desejar
porque acordei contigo.

— The End —