Submit your work, meet writers and drop the ads. Become a member
Páro para pensar que me soam iguais todos os poemas
Tal como esta inquietação em pouco difere da anterior
Nem a compreendo para a pôr em palavras
Vai e vem e refugio-me aqui.
Estou claramente descompensada
Pela falta de químicos dentro de mim
Respiro fundo e abraço-me pois é sem químicos que sou eu
Por muito assustador que sempre tenha sido ser eu
Descobrirei com isto que posso sentir
Sem nenhuma consequência avassaladora
Sentir de forma avassaladora, sim,
E amar as sensações como as amo quando pairam apenas
Tenho sobretudo fé. Se tão rápido vivo e amo viver
Quanto desconheço qualquer sentido em ser
Abraçarei ambos os eixos e o que carregam entre si
Abraçá-los-ei pois são meus e a minha realidade sensatorial é esta
E estive já fugida por suficiente tempo
Para me faltar e a querer perto. E a conseguir perto
Conseguir e querer-me perto. Tudo o resto vem por consequente.
hi da s Oct 2017
não sei onde aprendi que o medo é irracional e é uma resposta do cérebro. teu corpo não sente medo e sim um órgão que mais parece um punhado de minhocas encurraladas.
por um tempo eu juro que achava não ter medo de morrer, talvez só um leve pavor de sentir dor.
e o tempo funciona mesmo de formas estranhas e complexas. houve períodos que não cogitava pensar em morrer, mas agora parece que tudo mudou e o pavor da morte surgiu acumulado.
esse medo é o do nada ou do tudo que pode vir depois. ninguém pode me responder ao certo. meus avós já mortos não voltaram em sonho nem deixaram uma mensagem sobrenatural sobre nada. talvez isso já seja uma prova de que a morte é de fato um grande nada.
isso tudo é assustador. pensar que tu só tem uma chance pra acertar. e só de saber que não vais mais experimentar o mundo é sufocante.
como pensar na morte tranquilamente natural se vários prazeres que o corpo em conjunto com a vida são as coisas que me fazem querer continuar?
não consigo aceitar que um dia eu não vou mais sentir o calor do sol tocando a minha pele. cheirar aquela brisa do mar assim que se chega na praia. ver alguém que tu ama muito tendo um dia bom e ver ela sorrir. ouvir pela primeira vez uma música boa. observar alguma peculiaridade no meio do caminho que aparentemente ninguém mais notou. olhar pra um por do sol e pensar que aquele tem todas novas cores e que cada dia um é diferente do outro. pensar a toa sobre coisas bonitas que acompanham a gente durante o dia. aprender algo. algo bom. fazer **** com alguém. fazer **** consigo mesma. rir sozinha. rir com alguém. dançar. conhecer alguém novo. chorar. escrever. desenhar. ver. ouvir. falar. gritar. gemer. sussurrar. fumar. comer. sentir emoções. pensar. imaginar. criar.
todo um paragrafo infinito de realizações que de repente para de funcionar. vivemos quase sempre menos de cem anos e ainda é pouco porque o mundo pra gente é absurdamente infinito. e tão grande que dá agonia pensar. viajar por todo continente e saber que não dá pra ver tudo. sobre todos os mais minuciosos detalhes. sufoco. me sinto sufocada e não tem nenhuma pressão em cima de mim, exceto por mim mesma. felicidade. vou parar por aqui.
Caos, caos, caos
Perceptível apenas em estado de desarranjo
Irrompe de surpresa mas insidioso e em crescendo

Agente provocador projetando calmaria
Verdadeira ou fictícia?
Pode um provocador ser inerte?

Et tu, agente, não estás numa caixa
Projeto eu do alto da moralidade
Verdadeira ou fictícia?

Estratifica-me como quiseres
Não caibo na régua que usaste
Coincido nos centímetros mas não conheces os nanómetros

Pudesse eu conhecer os teus, até ao mais misterioso átomo
E suspeito que o caos perduraria num constante questionar

Resta-me admitir que a questão me fascina
E que o efeito secundário caótico e desregulador é estimulante
Assustador, perigoso e energizante

Abala-me, outra vez
Sempre me perco, sempre me encontro

— The End —