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Othon P Biedacha Dec 2024
Mil eclipses de sandice, no meu sonho eu trago
Mais três, quatro, cem mil sóbrios infinitos
Arrebatando o véu do demiurgo aziago
Despindo deuses e derribando mitos!

Crê em mim, no assombro que está por vir
Às mancebias do reino de meu ser
Eu faço o Deus do Todo desvanecer
E dentro de mim o nada vêm à rir!

Meu nada é o solilóquio que tudo vence!
E antes de ser homem eu fui verme
Agora transcendo a matéria inerme
Com a consciência que a ninguém pertence!

Sou a lâmpada no meu ignoto caminho
No tropismo ancestral de meu universo
O arlequim que tece o credo em desalinho
Vistindo-me da epifania anônima deste supremo verso!
Noctâmbulo supremo do abismo
Jamais encerra o exorcismo
De ser um Deus para o absurdo, e enfim
Vingar em risos, o que há dentro de mim!

Tu és um Deus de amor além
De quem não tem a amar ninguém
Além de si mesmo! E traz da consciência na eterna noite fria
A alma do infinito que em mim se esvazia...

Teu sou eu! Ó, meu nada eterno.
À ti amei em meio às minhas cruzes
Na natureza mórbida deste mundo me reduzes
Como cinzas a vencer o inferno!

Dancemos batizados no vinho da loucura
Teus sonhos são uma velada criatura
Para o próprio criador que não te compreende...
E saltas como um arlequim e um duende

De sonho em sonho, de consciência em consciência
Tragando com sátiras a vil ciência
E superando a metafísica de todos os seres
Há de trazer congregados os grandes prazeres

De nada ser, de tudo ser, de nada querer...
Como um Buda insepulto de mil amálgamas
Conhecendo todas as nefastas almas
Eu sou um contigo, e sempre haveremos de vencer!

— The End —