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Othon Dec 2024
Mil eclipses de sandice eu trago,
Nos sonhos de um mundo sem alento.
Três, quatro, cem mil sóbrios do estrago,
Despindo os deuses do firmamento!

Rasgo o véu do demiurgo aziago,
Derrubo mitos com meu pensamento.
Sou vendaval, ironia, presságio —
Rindo do caos em meu sacramento.

Crê em mim — no assombro que há de vir!
Nas mancebias do reino interior,
Faço o Deus do Todo sucumbir
E coro o Nada com meu esplendor!

Meu nada é verbo, é solilóquio forte,
Que vence o ser com voz sem dono.
Antes de homem, fui verme e morte —
Agora sou matéria em abandono.

Sou lâmpada viva no escuro caminho,
No tropismo ancestral do universo.
Arlequim que tece o credo em desalinho,
Vestido da epifania do verso!

— The End —