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Quero usar seu moletom
Quero acordar do seu lado
Quero tomar o café com você
Quero te beijar até não sentir minha boca

Quero te ver no meio da noite
Quero dançar na rua escura com você
Quero rir até minha barriga doer
Quero chorar de paixão

Quero seu abraço quando eu ficar triste
Quero ouvir músicas pensando em você
Quero morrer de saudades de você
Quero sofrer e ser feliz

Quero te querer
Seja lá quem for você
#1
Camiseta preta
Camiseta branca
Enrolado
Liso
Eram apenas amigos

Pontas de cigarros
Os dois se encontram
Whiskey e conversar alheias
Tudo o que ela queria era um beijo dele

Era confuso
escuro
E chovia também

Ela ganhou o beijo
Mas perdeu o amor
A planta que se seguia
Enquanto pelo corredor eu andava
Rosto caído de sono
E a virada de olho enquanto o outro não olhava

A blusa gigante
O café
A música alta
E os pensamentos torturantes

Os passos vêm e vão
O olho vidrado na porta
O sinal toca
E tudo vira pó
O vento sopra meu rosto,
E eu me pego em devaneios.
Sonhando com amores improváveis,
Não querendo amores resistentes.

Não sei a que se deve o fato,
De meu coração gelado,
Preferir o inacessível,
E descartar o mais favorável.

Não sei se é o passado,
Que me persegue,
Ou o presente,
Que há tempos, está mudado.

Mas ainda não esqueço, aqueles lindos olhos claros.
Tenho olhado a Lua,
Todas as noites ,
Este é meu ritual.

Tento encontrar o brilho que todos vêem.
Mas só vejo mágoas.
Tristeza e solidão afogadas.

Queimadas,
Por um Sol, que há pouco nasceu.
Por um Sol.

Ele há de me queimar também,
Em um futuro bem próximo.
Restarão apenas cinzas.

E a Lua...
não sinto, sou poeta que finge
as mulheres que amo
vieram de copos de uísque
sobre a madeira dos móveis
cegos na madrugada.

não sinto, já sou anestesiado
fui ultrajado pelo amor
e a sorte já não me quer mais.
agora sou amante das palavras
dos versos jogados à mesa de bar

já não mais sinto o doce da vida
o amargo de nicotina, é o que me restou
um uivo perdido à beira da calçada
cinzas num cinzeiro velho na estante da sala

estou coberto por cicatrizes invisíveis
bêbado largado nas entrelinhas de um poema sem rima
Não levo o peito à cama
pra não me trovejar o coração.
No instante em que se inflama,
traz de volta ao mundo
                                                              [solidão


Tremendos rodopios planam
nas voltas fervorosas do meu
                                                            [vão
Escuto os termos tímidos
das turbas tolerantes de então.


Esqueço-me do terço entoado
de um crente já desacreditado
por ter nos sentimentos
                                                        [a razão


Permito aos prantos parcos
verterem-se em mil cacos
pra darem, enfim, à Luz
                                                     [Escuridão.
Poesia de Daniel Fleming, pode ser reproduzida com citação da autoria

— The End —