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870 · Jul 2014
Nihil I
Solegrina Jul 2014
espero num poste
até que os carros
me deixem atravessar.

meio que atravesso.

deito no asfalto:
as nuvens navegam
sem direção
sem vontade
sem propósito
768 · Jul 2014
Belenos
Solegrina Jul 2014
I.
Além das árvores, um novo dia:
vejo fractais nos galhos florescentes,
- veias noturnas da ilusão sombria -
ah, deitado nas folhas decadentes...

Tal qual a luz numa caverna fria
faz na água cristais resplandecentes,
tal qual o sol invade uma abadia
por sagrados vitrais iridescentes,

a Aurora, face pálida e iminente
da manhã, é sorvida pelo ouvido
e incendeia o carvão dos meus subsolos.

Meu último suspiro é a nascente
de um brilho mineral recém chovido
nas graminhas que brotam dos tijolos.


II.*
Uma coroa incandescente avisto.
O Sol sobe do ***** mais profundo
aos imponentes edifícios vítreos
preparando a manhã para o seu culto:

brotam seus fogos (dançarinos místicos)
do asfalto e das janelas - nosso mundo
foi abrasado pelo canto rítmico
de um fervor que se expande em absoluto!

Fecho os meus olhos e me entrego às chamas.
Afogam-me as fogueiras e o meu pranto
é abafado entre ressonâncias, raios

e fúnebres azuis. A essência humana
é consumida e ao passar dos anos
sou fuligem em becos solitários.
Solegrina Jul 2014
Once upon a time
a butterfly noticed its own fragility
and submitted itself to the winds

Once upon a time
the wind noticed its own dispersion
and submitted itself to the hills

Once upon a time
a hill noticed its own hardness
and submitted itself to the grasses

Once upon a time
the grass noticed its own dependency
and submitted itself to the earth

Once upon a time
the earth noticed its own monotony
and submitted itself to the flowers

Once upon a time
a flower noticed its own inaction
and submitted itself to the bees

Once upon a time
a bee noticed its own irrationality
and submitted itself to The Queen

Once upon a time
a human could notice her humanity
and thus she beheaded the king.
592 · Jul 2014
Cosecha Tempestuosa
Solegrina Jul 2014
En la estrellada bóveda fue sembrado
el aliento ancestral por otra vida:
la vida sin deseos alambrados,
sin la manta escabrosa y percudida,

la vida sonrosada por los goces
de naturales besos y semillas
y de los dulces néctares de voces
ascendiendo en floridas cascadillas...

Desde el cielo, infinitos manantiales
despejan el maná que el pueblo implora.
¿Harán sus diademas con cristales
cogidos en la yerba de la aurora?

¿Bailarán con euforias similares
a las de las anémonas marinas?
¿Fumarán sin clausuras los millares
de inciensos que este viento les destina?

— The End —