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Rui Serra Aug 2015
queria pintar nesta tela
que já só por si é bela
o teu rosto a sorrir.

queria fazer rosas no céu
e pintar esse rosto teu
como o de uma rosa a florir.

transformar o teu sofrimento
com uma pincelada de ironia
e transformar o teu amor
na mais pura poesia.
Rui Serra Apr 2014
Fim de tarde
um dia ido
A cascata do tempo não pára
desfile
lento desfile de uma vida apressada.
A noite cai lá fora
na mesa,
no meio da quieta agitação dos livros
a escuridão é ainda maior.
Silencioso
entrego-me ao “saber “
Respiro o desespero
Ambiciono parar o tempo
e partir
para lado algum
Deixo-me vaguear
por entre a escuridão
Rui Serra Aug 2015
estou caído
rastejo sobre o árido solo
procuro o inatingível
procuro quem transforme o meu inocente sonho
estou triste
velho cavaleiro atormentado nesta terra de ninguém.
vem
dá-me a tua mão
vamos juntos brindar ao fim.

e juntos caminhamos
lado a lado
até ao rito do sepultamento.
Rui Serra Sep 2015
corro

das profundezas da minha mente
tentando escapar do mundo
criado pelo meu eu interior
e viajo em perfeita solidão

sinto a morte a
atravessar-me a alma

o gosto amargo da cicuta
escorre-me pela boca
e o mundo torna-se escuro
separando corpo e alma

uma luz ilumina-me
mas no fundo eu sei
que as trevas habitam em mim
Rui Serra Jul 2014
Fecho-me num quarto escuro, onde tudo se torna claro, acendo um cigarro, o último do maço... choro lágrimas de sangue por alguém que quero que morra; tento extrair de mim toda a dor existente, mas não consigo, enfim... bebo um gole para esquecer, mas não consigo! O que será de mim.
Refugio-me num copo de absinto, e tento arranjar solução para o que me é visível, mas estou só e desamparado. Não me é possível, . . . estou triste.
tu
Rui Serra Jul 2014
tu
Estou na margem... Para lá do abismo.
Longe de mim ficaram os momentos que vivi à beira-mar. Mais longe, como uma visão, o teu rosto vindo do céu, esses lábios que não são do ser que nunca fostes e que eu beijei ao esquecer-me de beijar. Tua mão desdobra meus dedos, dobrados pelo tempo. Se o que sou não sinto, o que sinto e sou não importa.
tu
Rui Serra Mar 2014
tu
Excedi em tudo
os meus desejos
os meus sonhos e eu
crescemos lado a lado
Vivo em intensa desolação
A pensar quando é que vais chegar
Amo-te
Com tanta pureza, tanta paixão
Que peço
que te ame sempre
e mais uma vez
Amo-te
no seu perfeito sentido
teu corpo e essa airosa face
A tua silhueta
no parapeito de ferro, na noite a meditar
Um luzente anoitecer
A lua na paliçada
Quando no meu quarto eu leio e escrevo.
Rui Serra Sep 2015
um amor precisa de espaço para...

um amor precisa de espaço para Amar
um amor precisa de espaço para Ninar
um amor precisa de espaço para Adoidar
um amor precisa de espaço para Brilhar
um amor precisa de espaço para Elogiar
um amor precisa de espaço para Louvar
um amor precisa de espaço para Acasalar

um amor...

um amor precisa de espaço para ser amado
Rui Serra Apr 2014
Do pouco da minha
miséria, trago esta
túnica que irei
estender a teus pés.
Tudo recomeça
e eu deixar-te-ei.
Leva-me para a
cama
ama-me
embriaga-me.
Amanhã não
serei mais eu.
Rui Serra Apr 2015
cai a noite.

estou só,
desamparado nesta estranha tristeza,
e na melancolia da solidão
deste espaço
sinto o cansaço.

tento encontrar conforto
nas rimas das palavras
que aqui escrevo.

sinto preguiça.

e na ira desta fobia,
refugio-me na poesia.
Rui Serra Apr 2014
Noite
Passado
Presente próximo
Um avivar de memórias
Uma estante empoeirada
Um livro mais
O telefone toca
uma suave melodia
Por entre as sebes o vento uiva
Um avivar de memórias
Um toque prolongado
Impedido
À noite
Um véu
Cetim
Um deslize de prazer
Uma mulher
Um sonho.
Rui Serra Apr 2014
De manhã é sempre abrir.
Não, tu não podes
chegar atrasado,
ao lugar onde te chateias,
estás encharcado em Gin.
e agora não sabes
realmente não sabes
que fazer,
mas, é o motivo
pelo qual ganhas dinheiro.
Tu bebes, fumas, danças
mas o que será de ti
quando esta noite acabar
continuarás aí sentado
bebendo
fumando
deprimido
talvez, só esperando
que aquela rapariga
passe ao teu lado.
Salta em frente
dá uma volta
até ao bar onde estou
salta em frente
para a minha teia
e aí verás
a poucos metros
a porta que te separa
do outro lado.
Rui Serra Apr 2014
Tanto já esqueci
e tanto há a esquecer.
Dá-me o teu amor
amor por mim
ainda a descobrir.
Deambulamos pela
tarde sombria.
Lembro-me das estradas
Verão, a teu lado,
foi verdadeiramente
de loucos, sim loucos.
Um hotel velho e barato
incandescência ao olhar.
Bem vindos á noite
em que a papoila
domina o mundo.
Este é o meu poema,
para ti
tu sabes
tu sabes mais
do que aquilo que denuncias.
Sabes se existimos?
Nós os gerados p’lo prazer
numa noite de luxúria.
Será que a liberdade existe?
Sou uma colagem, na revista da vida.
Vou sair talvez daqui p’ra fora
sigo, ao lado da estrada, procuro-te,
conseguimos milagres, quando estamos juntos.
Rui Serra Mar 2014
Permaneço hoje aqui
nesta promíscua cabana
onde tu e eu nascemos
Existe um objectivo
meta final, fim
O FIM
Praia ofuscante
noite
alimentação sistemática
do desregramento de todos os sentidos
Modificadores de consciência
levam-te pela estrada de coral
até ao palácio da sabedoria
Aí vive O Rei
Homenzinhos de fatinho escarlate
acampam
nos teus jardins privativos
em frente à tua mansão
Sais porta fora, pelos fundos
Criados vestidos de madrepérola
fazem-te vénias ao passar
Um sonho, acordas, é dia.
Rui Serra Jan 2014
Vagueio,
sem destino algum.

Vagueio,
sem sair do lugar.

De olhos fechados,
percorro as linhas do teu corpo,
e corro o mundo.

Escondo-me,
por entre o brilho do teu cabelo.

Refugio-me,
no teu regaço,
e procuro o equilíbrio.

No teu corpo,
vagueio sem vaguear.
Rui Serra Jul 2014
Passeio por entre a névoa que me esfria a alma.
Sepulturas ladeiam meus passos.
Procuro-te na solidão fria da noite.
Teu corpo jaz sob a fria lápide.
Desejo o teu beijo mórbido e frio.
Abraça-me.
Vêm, envolve-me em teus braços.
Sentes o meu coração sangrar?
Em breve estaremos juntos.
Rui Serra Mar 2014
Estrelas alinham-se como sinais de néon,
apontando na direcção da rua cósmica.
Procura a verdade na mente de um louco,
girando em direcção aos seus . . .
desejos mais deformados.
Rui Serra Feb 2015
a ideia escorre
lentamente

fruto do corte profundo

escorrem também
palavras que escrevo

que outrora escrevi

escorrem e
invadem a noite

aperto a ferida

os anticorpos
expulsam o veneno

volto a acreditar
na doçura das palavras

volto a escrever

mas na realidade, o que sai de mim?
Rui Serra Sep 2015
olhas-me
olho-te
asfixias-me
devoro-te
aprecias-me
ignoro-te
tent­as-me
sorrio-te
sentes-me
apunhalo-te
provas-me
pontapeio-te
beij­as-me
mato-te

mas volta sempre a amar-me
Rui Serra Apr 2014
Percorro milhas para te ver
Perco-me por entre
As densas árvores
Da floresta
Volto a encontrar-me
Pérfidas amazonas
Atacam
No limiar da floresta
De novo a sensação
De estar vivo
Deambulo pelo rio
De asfalto
Rumo à pirâmide
Irei só
Para terminar
A minha viagem.
Rui Serra Jun 2015
fecho os olhos ao mundo

concentração

no descompasso das batidas do meu coração

batidas
inquietas
saltitantes

percepções
sensações

asc­endo a uma outra dimensão

onde não existe

tempo
espaço

sigo o compasso
da minha alma

que no seu voo livre silencia
essa entrega sem limites

sustenho a respiração
coloco a vida em manutenção

nessa viagem tão sentida
nessa viagem que é a vida
Rui Serra Sep 2015
abro a porta e viajo.
vou para além dos espaços intemporais.
perco-me no tempo e viajo,
por entre as brumas da solidão.
Rui Serra Apr 2014
...e alguns tentam fugir definitivamente aos furiosos bramidos desta vida impossível, que eu não quero deixar sem primeiro ter vencido.
Rui Serra Feb 2014
Era noite
Melodias ecoavam nos céus
No instante
A presa tornou-se fera
Vigia
Os índios passeiam
À beira da praia
Mulher
Imaculada de branco
Um murmúrio
Um gesto
Uma partida

E os índios continuam
No alto da colina
Rui Serra Jan 2014
E estas palavras que escorrem na vidraça ensanguentada,
numa tarde em que a chuva cai tumultuosa.
E estas palavras que escorrem junto com estas lágrimas,
p’la face carregadas de um sentimento obscuro.
E estas palavras que escorrem com o suor do nosso corpo,
numa noite em que corpos ardem de paixão.
E estas palavras que escorrem com o orvalho,
num amanhecer em que o sol raia esplendoroso.
E estas palavras que escorrem junto com o sangue,
que corre nas nossas veias, numa violência interior.
E estas palavras que escorrem com a tinta do pintor,
pela tela que brota das suas mãos diabólicas.
E estas palavras que escorrem nas ondas,
que embatem violentamente nas rochas das praias.
E estas palavras que escorrem como o álcool,
e que inunda a alma pejada de medo e tristeza.
E estas palavras que cheiram a ****,
e que o tempo impregnou nas páginas da vida.
. . .
São palavras que profiro em silêncio,
são palavras em que eu te imploro,
para que pares essa tua raiva mórbida e doentia
que te leva à demente violência e me deteriora.
Rui Serra Mar 2014
Sóbrio caminho pela calçada.
Bêbado, caio num copo de absinto,
e nadando até à margem...
faço-te um sinal e tu nem me ouves...
grito por ti e tu nem me vês...
amo-te e tu que fazes?
Que faço eu também aqui à tua espera.

— The End —