Submit your work, meet writers and drop the ads. Become a member
 
001
Rui Serra Mar 2015
001
na cadeira do velho relvado,
chá com sol,
leituras de romance em romance.

até o sol cair como uma moeda na fenda da terra.

lembra-me o verão
pirâmide de luz

corpos amarrados
queimavam ao sol laranja
escondendo os halos
com a pele gretada destes lábios.

figuras a fumar
fecha os olhos
parte.
012
Rui Serra Aug 2015
012
um som
um telefone
um número que nada diz

toque

os dedos trémulos

“o-lá”, diz a medo
silêncio
ninguém . nada . vazio
desliga o telefone

sensação
não está só

o punhal mergulha no peito

respiração ofegante

tempo

libertação
014
Rui Serra Apr 2015
014
espíritos antigos
professam
dualidades

poesia

vidência
no assento do vinho

um céu erótico
talhado
nas pradarias
sobre
a ilha comprida
Rui Serra Jul 2014
Jorge abriu a porta do alfarrabista e um cheiro húmido invadiu-lhe a mente.
- Boa tarde. Bradou uma voz rouca do seu interior.
- Boa tarde.
- Então o que o traz aqui?
- Procuro um conto.
- Sim, mas de que tipo?
- O que procuro deve ter cem palavras.
- Que especificidade.
- Pois sim, tem alguma coisa?
- Huummm, deixe ver.
- Agradeço que veja se não tem por ai algum guardado.
O livreiro abriu a gaveta e retirou do seu interior o palavómetro. E após algumas medidas, eis que surge um conto, assim como este, com cem palavras, nem uma a mais, nem uma a menos.
Rui Serra Sep 2015
o que sou

sou poeta!
escrevedor de palavras
que rimam
e desafinam

captor de emoções
intemporais
e outras mais

conhecedor da alma sofredora

escrevedor de sons
dos maus e dos bons

sou escritor!
de pena
da dor

sou artista!
pintor de sentimentos
abstractos
nem sempre exactos

sou poeta!
sou escritor!
sou artista!

uma espécie de alquimista

faço obras magistrais
crio beleza intemporal
e o que sou?
sou uma pessoa normal
Rui Serra May 2014
Sigo pela avenida,
os cafés recolhem
as mesas.
Esplanadas frias,
já sem ninguém,
já sem sentido.
Chuis fazem cumprir a lei
com varinhas de condão.
Na janela,
um rosto
imagem distorcida
Uma carabina
um tiro
no frio da noite uma imagem gélida
Sigo em frente
pela estrada de asfalto
rumo à indiferença.
Rui Serra Aug 2015
a porta
teias
cheiro a pó
a idade é longa
sobrevivência
chuva... vento... sol...

condenação

a demolição vem de longe
sem licença

desabitada
desacreditada
sem encanto, só.

assustadora
assombrada
velha casa maldita.
Rui Serra Jan 2014
A noite cai lá fora
na mesa, à volta dos livros
a escuridão.
Estou sentado,
uma cama,
um telefone
tentei telefonar-te
a linha estava ocupada
estará a dormir
talvez doente
Não!
O telefone está cortado
não pagou a conta.
De novo à mesa
recomecei o livro
entrei na noite.
Rui Serra Jun 2014
Existo no tempo
e vejo a cidade
sem abrigo
nua e fria
e fico
aqui

Rui Serra Mar 2015
tomai
bebei

bebei da taça
que transporta a vida
enjaulada pelo fino fio da
adaga
Rui Serra May 2014
AGORA
no meu refúgio tranquilo
sou um homem solitário
AGORA
o meu sonho desapareceu
mas, permaneço iludido
AGORA
nesta velha cabana
alimento a ideia de...
AGORA
permaneço aqui
tão só quanto a lua
AGORA
sob a areia da triste praia
olho o mar
AGORA
já sem esperança
só me resta morrer
AGORA
meu amigo
é O FIM.
Rui Serra Sep 2015
escorre
a tinta

papel

linha após linha

bocados de mim
fluem no teu olhar

respiro

o coração bate

sinto o teu odor

quando não tenho sono
venho para aqui rascunhar
Rui Serra Aug 2015
a noite cai sobre a floresta.
as estrelas brilham,
revelando as sombras do passado
das almas mortas, em voo.
Rui Serra Aug 2015
guerra sem fim
guerra sem descanso

nós os derrotados
sobreviventes
à morte
ficamos em pé

almas
desprovidas de esperança
sem forças
para resistir
para escapar
deste mundo

vamos acreditar que
amanhã vamos subir
Rui Serra Jul 2014
Madrugada fria
e eu aqui sozinho.

Preciso de ti.

Onde estás?

Longa é a noite em que te espero.

Mas não, não quero pensar,
que não vais chegar,
para me aqueceres nesta solidão.

Não suporto mais sofrer.

Quero o teu amor.

O tempo parou e
eu não percebi.
Acho que tu chegas-te
quando eu parti.
Rui Serra May 2014
Passa-se num quarto
luz ténue
velhos livros empoeirados
o cigarro queima-me a ponta dos dedos
nos meus ouvidos, um leve melodia
um telefone toca
saio
andei por aí
a prostituta olhou-me
tremo de frio
uma cabana
recordo o passado, ainda presente
passei por tua casa para te ver
tinhas saído
ocultas-te dos convidados
mas eu sou teu amigo
os meus olhos
perturbam-te
infinitamente!
as melhores ideias vêm-me quando...
enfim
vou partir
pousei o livro
estou vivo
procuro a paz
esse momento de liberdade
está a ficar tarde
a noite começa
lentamente e cheia de sossego.
Rui Serra Apr 2014
Ravina
Brisa Suave
Calor,
do sol poente
Rochedo
Espíritos descrentes
Lágrimas
Sofrida melancolia
Amanhecer.
Rui Serra Feb 2014
Acordo agora de um “Sonho”
Vi-te, adorei teu ser
sonhei que te queria, para sempre
AMIGO.
Sonhámos ser felizes
temos algo em comum,
em ti confio, a ti ajudo,
Confiança.
Não me deixes,
p’ra nunca esquecer.
Muito para vir
discussões: mil
tudo nos fará rir.
Pouco te disse
muitos pensamentos
pairam no ar.
O que por ti sinto
não morreu
A nossa amizade
não vai findar.
Rui Serra Aug 2015
não consigo parar de te amar.

não consigo parar de te amar.

não consigo parar de te amar.

não consigo parar de te amar.

não consigo parar de te amar.

não consigo parar de te amar.

não consigo parar de te amar.
Rui Serra Jun 2015
no brilho dos teus olhos
transparece a minha vida.

és a morfina dos dias
da dor que me consome.

no brilho do teu olhar
vejo o refúgio à dor,
à angústia que transpira
das noites dormidas acordado.

no teu olhar vejo a cura,
a porta de saída.

no teu olhar,
vejo a minha vida.
Rui Serra May 2014
T u d o i s t o p o r q u e a a m i z a d e
n ã o e s t á N o f u n d o d e u m
s a c o d e p l á s t i c o d e s c a r t á v e l ,
n e m n a c u r v a d o f i m d a r u a .
T u d o i s t o p o r q u e a
a m i z a d e
p o d e e s t a r a q u i A o l a d o ,
e m t i . . .
Rui Serra Jul 2014
Aiiii . . . não sei se é amor ou é loucura,
essa força, enfim, que desconheço,
amarrou-me a vida à tua vida obscura,
e a ti, a ti somente “AMOR” eu peço.

O agridoce desta nossa aventura,
as delicias que me dás e não mereço,
todo este amor com toda a sua loucura,
o amor em que vivo e desfaleço.

Fazes-me lembrar as negras rosas,
que me deixam assim embevecido,
inalando o teu aroma delicado.

Como que atingido pela seta do cupido,
abraço as tuas pétalas maravilhosas,
sucumbindo assim ao teu beijo envenenado.
Rui Serra Jul 2014
Na colina sobranceira de tua casa, aí me encontro. Eu, o vento, que geme na negra noite. Mesmo junto a ti, tu não me vês, e é onde passo o dia-a-dia. Esse teu trágico olhar, a olhar-me e sem me ver. Ai quem me dera ser como tu, para me poderes ver, e para te poder murmurar a mais suave das palavras, "AMO-TE".
Rui Serra Sep 2015
oh! taças, na memória, vividas.
oh! taças de vinho tão cheias.
oh! castas lembranças erguidas
em tabernas de gente tão cheias...

oh! castas antigas... de porte.
oh! castas lembranças vividas.
oh! taças cheias de morte
tão tristes me foram em vida.

oh! turbulentas lembranças
que me trazem essas taças
em tristes desesperanças.

mas oh! taças erguidas em vão
erguidas à vida tão cheias
tão cheias de solidão.
Rui Serra Jan 2014
Sobre a grande mesa
A luz de duas velas
O telefone tocou
Interrupção
Lá fora, situação delicada
Choro - Desespero
Mais tarde o jogo
Truques da vida
Conversa, mais conversa
No limiar da noite - O filme
Acordo
Um choro
Duas mortes
Um repousar incompleto
Manhã
Um outro dia
Rui Serra May 2014
Abri agora a porta
Realidade
passei para o outro lado
tento...
tento desesperadamente,
em frente
uma selva
viagens
passado inexistente
renasci agora das cinzas.
Envolto na armadura
debato-me contra o
mistério
dos poderes ocultos.
Tudo isto não tem nexo
desde o princípio
onde juntos cavalgámos
Agora
Viajo
só e triste
tento alcançar o poder dos espíritos
e seguir os rituais da natureza.
O Xamane erguesse
e proclama o novo estado de espírito.
O Rei olha-me
surge espanto

benfeitor, mal amado
choro.
Rui Serra Feb 2014
Juntos navegamos
para o objectivo final.
desvio
monto o meu corcel
cavalguei milhas
paragem
segui viagem
retorno às origens

De novo na minha cabana
aí fora
guerras sem sangue
travam-se entre os aristocratas

Usurpação dos poderes
procura constante

Idiotas
um deserto já sem cor
ao fundo
uma vida

Migalha de vida

Um jardim
flores

Músicos tocam flauta

Cai o pano
apagam as luzes

Acabou a peça
acabou tudo

Até a vida

É O FIM.
Rui Serra Aug 2015
a chuva cai suavemente sobre o teu rosto.

a chuva cai suavemente sobre o teu cabelo,
e toca-te os lábios sedentos de um beijo.

a chuva cai suavemente do céu,
e permite que a minha alma flutue sobre o ar,
levando-me para um lugar mágico.
Rui Serra Nov 2014
e em cada pincelada
imbuída de sentimento

o pincel revolta-se

revolta-se

contra a caligrafia perfeita
sobre o papel machê

contra a intemporalidade de cada gesto
sobre a folha de papel

estremece

a tinta desfalece sobre a obra
agora manchada

renascimento

rebentos verdes peregrinam
entre as rugas
pontilhadas de um ***** puro
Rui Serra Sep 2015
incenso
(arde lentamente)

golpe traçado
o sangue escorre

marcas
das cordas do violino
na tua pele

aromas

o fumo ofusca
cega

respiração deliciosa

canela . sândalo . jasmim

sufoco
numa mescla de aromas

fumo

um mero aroma
uma memória
um sonho vivido
Rui Serra Mar 2014
Aproximação, silêncio total
Sangue, ****
Pesadelos nas ruas de néon
Extensos desertos
Um refúgio
Lá fora, o apelo da boémia
Um mar de asfalto
Não, não vou só
Uma garrafa de gin e um cigarro
Para apaziguar as dores
A escrita é meu refúgio
Minha alegria, minha dor
Vivo constantemente
Num ritmo alucinado
Estou só
Nas entrelinhas de cada frase
Está o corpo que as gerou
Num instante de lucidez
O perfume que hoje trago
É das lágrimas que por ti verto.
Rui Serra Apr 2015
estranho

esta cidade
a sua personalidade
o seu cheiro

a minha casa
os meus lençóis

estou atrasado

o sol saúda as minhas cortinas
quero dormir para acordar

sorrio

água escorre pela bacia

paro no tempo

observo o teu dormir
um suave rosto

fazes o meu dia ter sentido

amo-te, mulher, minha mulher

café da manhã

há na minha mesa burocratas

sinto o teu respirar
só para mim

adormeço, recomeço
Rui Serra Jun 2015
monumento burguês de prazeres mundanos

açoitas-me
com palavras mordazes
no veludo
do teu ninho

e no momento mais íntimo de ti
purificas o meu ser com a saliva melosa da tua essência
Rui Serra Jun 2015
transpiro o medo
que em mim habita
se alastra
e me consome

faz frio

uma lágrima aflita
cai no tempo
e emana em mim
uma dor cruel

o sangue
procura uma saída

e

escorre ímpio
pela minha boca fria

procuro
paralisado no tempo
o que ainda resta desta vida

onde
nestas entranhas
jaz imóvel
o meu coração

e a vida é bela
Rui Serra Jan 2014
Calcuteia a areia
Perde-te no mar
Boneca de trapos
Continua p’las dunas
Vives num ambiente campestre
O orvalho rola . . . p’la face
E a rosa abre-se
Para o mundo
Rui Serra Oct 2014
reparei agora
onde vivo

partes de mim,
separadas,
povoam cadernos

desenhos do meu intelecto
vivem entre linhas intemporais

sonhos
   começados
   inacabados

contam histórias
abafadas pela imensidão dos tempos

mas hoje
por detrás das metáforas que o lápis traça na minha mão

vivo e cresço
Rui Serra Jul 2014
Deambulo pelas ruas... sonhos perdidos, ilusões desfeitas. Há um travo amargo no ar da noite. Breve a vila despertará e eu continuarei só.
Rui Serra May 2014
Sente-se o caminhar
sobre ladrilhos dourados
despe-te, ama
entra, a chuva é intensa
vive, ama, amar-te-ei
no jardim, cravos murchos
pétalas caídas.
Leva-me, deixa-me navegar
posso-te amar, tenho-te
desejo-te, depois tudo passa.
Queria ser como tu
adorar-te-ei até ao fim
enfrentarei minha sombra,
serei alguém, viverei para
te proclamar, aconchego-me,
fogo crepitante, doçura
de mulher, corpo imundo
mundo imundo, sobre pedras
de silêncio, vamos ao sabor
de uma melodia, o que sou
sombra inconstante, açambarcador
de poder, ricos falsos, acabar-se-à
no fogo do desespero
não hesites
caminha e vencerás
sobre tudo e todos
vai em frente
segue o teu caminho
e serás alguém, como o eu que eu queria.
Rui Serra Aug 2015
hoje acordei no orvalho frio da minha existência.
perscrutei-te e não te senti em mim.
será que me abandonaste?
há muito que me questiono se algum dia percebeste o significado do que as minhas lágrimas não conseguem libertar.
sinto-me só.
espero que estas efémeras palavras, te tragam de novo à razão da nossa existência.

o teu eu!
Rui Serra Jan 2014
nascimento, luz, vida
rosto de criança, ternura no olhar
sensações inimagináveis
um sorriso
depois
prazer . estar . fazer . AMAR
FELICIDADE
Rui Serra Jul 2014
Na minha terra há um cemitério,
antigo,
da idade dos anos.
Abriga os mortos,
os meus mortos.
Quando por lá passo,
na penumbra do entardecer,
sinto o roçar das suas almas.
Rui Serra May 2015
caio lentamente

diminuído . decaído . consumido

pensamentos demoníacos

lágrimas escorrem do meu rosto
e caem a meus pés

equilíbrio

visão extravagante
floresta de pedra

criaturas da noite
movem-se pacificamente
invisíveis

desejo

fogo incontrolável
que me absorve na sua graça

perplexo
danço nas chamas bruxuleantes

conspiro
ao som do silêncio da noite

e procuro o conforto
no gelo frio do teu ser

o meu dilema:
qual o meu caminho?
Rui Serra Mar 2014
Certa noite
Murmúrios
Talvez algures
No próprio quarto
Ou noutro tempo
Em parte alguma
Isolado em si mesmo
Ou na mesa do café
Fica o esplendor de um rosto
A ternura de uma flor
E num diário
A escrita
Nostálgica
Moribunda
E a noite é imensa
Rui Serra Jul 2015
a angústia teima em ficar
e tolda-me o pensamento

e por cada capítulo que escrevo
por cada nova página
por cada nova frase
por cada nova palavra
em que transcrevo a verdade

está a poesia
a rima
a ternura
a demência
o pudor

chega de tanta mentira
chega de tanto ardor
chega de tanta dor

chega!
Rui Serra Jan 2015
abro a janela
e sinto o ar húmido

sinto o beijo
frio
na minha pele

volto a ser criança

sinto-a escorrer pela minha face

encharco-me

danço entrelaçado em cada gota;

a chuva apenas nos liberta
Rui Serra Sep 2015
onde reina a paz
neste reino de especulações?

onde reina a sinceridade
neste mundo de maldade?

e nesta minha nova convicção
recorro à malícia da razão

e procuro na plenitude do orgasmo
se o antídoto será o sarcasmo

procuro agora seduzir o nirvana
recorrendo às virtudes duma cigana.
Rui Serra May 2014
Habito na cidade
Bares
Jogo
Estultícia
Arquitecto jogos na minha mente
A ideia esvanece-se
Cães latem
A cidade dorme
E se for o mar a minha morte!
“Adorava ver Nápoles e morrer”
Rui Serra Jan 2014
Fui para o deserto
delírio de emoções
cerimónia de índios
mescalina
a dor
visão do futuro
vagueio sem destino
outros mundos
outras culturas
solidão
exaltação do espírito
êxtase
velocidade
sigo em frente
pela estrada do excesso.
Rui Serra May 2014
Desejo
Angustia
Vontade de ...
O brilho esvai-se
Uma melancolia suave
Repouso
Desespero
Uma suplica
Uma dádiva
Uma esperança
Um novo dia
e Deus existe
Rui Serra Feb 2014
Abri agora os olhos
uma luz
extremos
o desconhecido

tenho medo

sinto-me confuso
ao andar

estou só
ou isso penso

objectivo
neblina

navego nas lágrimas

saio
refugio-me
dor interior
inveja do pobre
confusão na alma
subconsciente perverso

riso

recordo a dor
que como dor permanece

obstáculo
anseio
ritual
sacrifício " tédio "
desespero.
Next page