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Jul 2015 · 359
Morte
Rui Serra Jul 2015
chegaste
e nem te senti.

levaste tudo contigo,
os sonhos que me guiavam
as ilusões que me iluminavam

roubaste o meu respirar.
um minuto e tudo acabou.
nada mais restou.

somente aqui ficou,

a minha alma.
Jul 2015 · 494
Lobisomem
Rui Serra Jul 2015
em noites de lua cheia
corro dos desígnios da vida
tentando esconder assim
o animal que há em mim.

regresso às minhas origens
e à procura de virgens
percorro as escuras ruelas
sempre, sempre à procura delas.

procuro nos locais mais sombrios
e espreito nos mais insólitos
para gáudio da minha alegria
é assim até ao romper do dia.

e é já de madrugada
que com a camisa rasgada
se dá o regresso a casa
já com a fome saciada.

e ansiando pela lua cheia
me deito pela calada
nesta busca tresloucada
por uma virgem mal amada.
Jul 2015 · 333
Essência
Rui Serra Jul 2015
feiticeira irreal
dança teatral
rainha imoral
amor carnal

sonhos mórbidos
desejos sórdidos

mentes despidas
cores garridas

inspiração corrente
dor crescente
vida existente
no seio do teu ventre
Jul 2015 · 746
Diva
Rui Serra Jul 2015
tenho saudades do teu gemer
no meu lóbulo interior

da tua pequena malvadez
e do teu mordaz sorrir

sim
esse que te faz sentir

um vil querer
uma vontade de me ter
dentro do teu mais profundo ser
minha diva do prazer
Jul 2015 · 463
Chega
Rui Serra Jul 2015
a angústia teima em ficar
e tolda-me o pensamento

e por cada capítulo que escrevo
por cada nova página
por cada nova frase
por cada nova palavra
em que transcrevo a verdade

está a poesia
a rima
a ternura
a demência
o pudor

chega de tanta mentira
chega de tanto ardor
chega de tanta dor

chega!
Jun 2015 · 488
A tua boca
Rui Serra Jun 2015
monumento burguês de prazeres mundanos

açoitas-me
com palavras mordazes
no veludo
do teu ninho

e no momento mais íntimo de ti
purificas o meu ser com a saliva melosa da tua essência
Jun 2015 · 382
Fugir de mim
Rui Serra Jun 2015
ontem morri
por dentro

vagueio agora no limbo do teu ser

não suporto mais o silêncio,
silêncio, das palavras que me não dizes

ilusão

inconsciência de sentidos

feriste-me
espezinhaste-me
sem piedade

quero partir
quero fugir de mim
Jun 2015 · 478
A vida é bela
Rui Serra Jun 2015
transpiro o medo
que em mim habita
se alastra
e me consome

faz frio

uma lágrima aflita
cai no tempo
e emana em mim
uma dor cruel

o sangue
procura uma saída

e

escorre ímpio
pela minha boca fria

procuro
paralisado no tempo
o que ainda resta desta vida

onde
nestas entranhas
jaz imóvel
o meu coração

e a vida é bela
Jun 2015 · 514
Dia Mundial da Poesia
Rui Serra Jun 2015
o frio do inverno diminuiu
e deu a morte
deste vida à primavera.

ela caminha lentamente,
os dias ficam mais longos
e brisas quentes acordam do seu hibernar.

ao meu redor...
nascimento.

é a ressurreição da dança da vida,
a dança da floresta
que controla o pulsar da terra.

é a época da criação,
e de pena encharcada em tinta
crio rios nesta folha singela,
neste que é o dia
Mundial da Poesia.
Jun 2015 · 530
Viagem ao meu interior
Rui Serra Jun 2015
fecho os olhos ao mundo

concentração

no descompasso das batidas do meu coração

batidas
inquietas
saltitantes

percepções
sensações

asc­endo a uma outra dimensão

onde não existe

tempo
espaço

sigo o compasso
da minha alma

que no seu voo livre silencia
essa entrega sem limites

sustenho a respiração
coloco a vida em manutenção

nessa viagem tão sentida
nessa viagem que é a vida
Jun 2015 · 507
Palavras suspensas no tempo
Rui Serra Jun 2015
às vezes pergunto por que motivo
tu partes de mim quando entardece,
e digo às minhas esperanças e sonhos,
que nem tudo o que acontece é o que parece.

a vida às vezes pode ser um borrão,
as emoções podem-nos toldar,
às vezes escrevo para ti horas a fio,
quando preciso deixar o meu coração sarar.

o tempo fará esquecer o passado,
esta tristeza que se espalha em mim,
como os lírios à tona de um lago,
numa manhã vestida de carmesim.

o final do dia trará novas alegrias,
e embora eu sonhe acordado,
tenho em mim plena consciência,
de que preciso de ti ao meu lado.

e até que eu volte a escrever para ti amanhã,
lembra-te,
tu és toda a minha alegria, dor e tristeza.
Jun 2015 · 398
A minha vida
Rui Serra Jun 2015
no brilho dos teus olhos
transparece a minha vida.

és a morfina dos dias
da dor que me consome.

no brilho do teu olhar
vejo o refúgio à dor,
à angústia que transpira
das noites dormidas acordado.

no teu olhar vejo a cura,
a porta de saída.

no teu olhar,
vejo a minha vida.
May 2015 · 399
Gótica
Rui Serra May 2015
vem
entra na minha vida
vem
para o meu covil

veste-te de preto
pinta o teu cabelo de *****
e vamos juntos ouvir o som do mar

vamos juntos na escuridão
dizer adeus à luz
vamos viver na eternidade
onde todos os dias são noites

eu sei que sou louco
mas no teu coração eu sei
há uma gótica a desabrochar
May 2015 · 518
Censura
Rui Serra May 2015
caio lentamente

diminuído . decaído . consumido

pensamentos demoníacos

lágrimas escorrem do meu rosto
e caem a meus pés

equilíbrio

visão extravagante
floresta de pedra

criaturas da noite
movem-se pacificamente
invisíveis

desejo

fogo incontrolável
que me absorve na sua graça

perplexo
danço nas chamas bruxuleantes

conspiro
ao som do silêncio da noite

e procuro o conforto
no gelo frio do teu ser

o meu dilema:
qual o meu caminho?
Apr 2015 · 485
Folha nua
Rui Serra Apr 2015
no negrume da noite
uma página... espera
em silêncio

sôfrega por
letras
palavras
frases
ou mais

e ali permanece
invisível na sua existência perturbadora

concentro-me
mas sigo imóvel
não vou longe

escrevo
anoto

palavras confusas
   desfiguradas

a pena falece

frustração

abandono

e a página... espera
sempre vigilante
Apr 2015 · 443
Parto
Rui Serra Apr 2015
história
amargas mentiras retorcidas
melancolia

luas e sóis
esperanças

lágrimas

porque me rio?

podes atirar-me palavras
podes subjugar-me com os olhos
podes matar-me de ódio

é a minha sensualidade que te incomoda?

cabanas de vergonha
sobre um oceano *****
deslizam na maré

deixo para trás a noite
o terror

levanto-me
neste maravilhoso amanhecer

no declínio dos meus ancestrais
elevam-se as esperanças do escravo

e sonho
e parto
Apr 2015 · 398
014
Rui Serra Apr 2015
014
espíritos antigos
professam
dualidades

poesia

vidência
no assento do vinho

um céu erótico
talhado
nas pradarias
sobre
a ilha comprida
Apr 2015 · 459
Um antídoto chamado poesia
Rui Serra Apr 2015
cai a noite.

estou só,
desamparado nesta estranha tristeza,
e na melancolia da solidão
deste espaço
sinto o cansaço.

tento encontrar conforto
nas rimas das palavras
que aqui escrevo.

sinto preguiça.

e na ira desta fobia,
refugio-me na poesia.
Apr 2015 · 602
Semeador de chumbo
Rui Serra Apr 2015
o vento fazia o pó levantar.
de olhar maduro,
óculos de protecção,
casaco preto e chapéu,
ao peito um medalhão.
ele era um rapaz nobre.
nunca se tinha visto ninguém como ele.
que segredos antigos estavam à espreita?
e ali estava ele,
flutuando na magia da brisa.
ao peito a mais perfeita arma de julgamento.
cano curto.
o segredo fora revelado,
e o carrasco chegava para mim.
com uma intenção maravilhosa de assassino malicioso,
Spyglass olhou-me nos olhos
e senti o vento no meu cabelo.
flashes de fogo na calada da noite.
a maravilhosa máquina de sua majestade.
gritei: "semeador de chumbo".
o sangue, escuro, corria, mortal.
Apr 2015 · 557
Atrasa-te, se valer a pena
Rui Serra Apr 2015
estranho

esta cidade
a sua personalidade
o seu cheiro

a minha casa
os meus lençóis

estou atrasado

o sol saúda as minhas cortinas
quero dormir para acordar

sorrio

água escorre pela bacia

paro no tempo

observo o teu dormir
um suave rosto

fazes o meu dia ter sentido

amo-te, mulher, minha mulher

café da manhã

há na minha mesa burocratas

sinto o teu respirar
só para mim

adormeço, recomeço
Apr 2015 · 451
Introspecção
Rui Serra Apr 2015
acordo
estou preso
na essência do meu ser
abro os olhos
vejo
mas não te vejo
és a imagem que me conta aquela história
tento transpor este rio que me consome
estou na margem da liberdade que me prende sem amarras
procuro-te
na serenidade imensa desses altos casarios
afecto
utopia
aventura
numa busca que perdura

eu, sou apenas...
o encantador de palavras
voando nesta folha como num tapete mágico...
Apr 2015 · 342
Momento
Rui Serra Apr 2015
oh! pobre alma

instante

sorte na distância

momento

outro momento

felicidade

e a noite cai
Mar 2015 · 333
Não
Rui Serra Mar 2015
não olhes para o meu rosto
não tentes descobrir quem sou
não me peças um sorriso
não apontes os meus defeitos
não me condenes
não me enalteças
não me aprisiones
não me tentes dominar
porque só assim poderás ser feliz
Mar 2015 · 473
Jardim
Rui Serra Mar 2015
procuro no meu jardim
o cheiro adocicado da paixão
o desejo inebriante do pecado
aquela sensação de imensidão

procuro no meu jardim
o sonho da liberdade
esse desejo ocultado
nas teias da maldade

procuro no meu jardim
esse aroma fulminante
que exala do teu corpo
pela tua respiração ofegante

procuro no meu jardim
esse prazer anunciado
e pelo anseio contido
no clímax apaixonado
Mar 2015 · 389
Para te ter
Rui Serra Mar 2015
para te ter
pensei um dia
mudar os hábitos
e a alegria
a forma de ser e estar
desobedecer-me sem pensar

para te ter
perdia amigos
enterrava os planos
em jazigos
esquecia como é bom sonhar
só para ao teu lado poder estar

mas...

então descobri um dia
que para te ter basta ser
Rui Serra Mar 2015
pode um imortal
morrer de amor?
e viver
nas palavras intemporais?

mesclemos pois,
vida e morte
e na dualidade
tornemo-nos unos
por amor
Mar 2015 · 407
O Poder!
Rui Serra Mar 2015
convida
alucina
insinua
cativa
corrompe
escraviza
corrói
consome
­domina
enfraquece
humilha
e MATA!

o poder não pertence aos homens.
o poder é o brinquedo dos deuses.
Mar 2015 · 421
Lírios Pretos
Rui Serra Mar 2015
lírios pretos
giram em torno de mim
esculpindo um código
com a sua dança inebriante.

um padrão por descobrir
desperta da sua hibernação
e salta da superfície da terra.

imagens metamórficas
deixam a sua cova
na simplicidade de um rascunho.

lírios pretos
fazem despertar em mim
o lado obscuro do meu ser.

lírios pretos.
Mar 2015 · 374
001
Rui Serra Mar 2015
001
na cadeira do velho relvado,
chá com sol,
leituras de romance em romance.

até o sol cair como uma moeda na fenda da terra.

lembra-me o verão
pirâmide de luz

corpos amarrados
queimavam ao sol laranja
escondendo os halos
com a pele gretada destes lábios.

figuras a fumar
fecha os olhos
parte.
Mar 2015 · 379
No conforto da casa
Rui Serra Mar 2015
chovia lá fora
na rua deserta
e no conforto da casa
não chovia p’la certa

lá fora o frio
far-nos-ia tiritar
e no conforto da casa
ouvia-se a madeira crepitar

e pingava lá fora
num concerto afinado
e no conforto da casa
escrevia eu ao teu lado
Mar 2015 · 360
Adaga
Rui Serra Mar 2015
tomai
bebei

bebei da taça
que transporta a vida
enjaulada pelo fino fio da
adaga
Rui Serra Mar 2015
a felicidade brilha nos teus olhos
e prendes-me
com o sorriso frio dos teus lábios.

esse corpo que em gestos me diz: possui-me.

essa pele que ao tocar-me diz: desejo-te.

e essa alma que na sua tranquilidade me diz: amo-te.
Feb 2015 · 372
Oração
Rui Serra Feb 2015
hoje
caminho sobre os meus medos

hoje
caminho sobre as minhas dúvidas
e vou na direcção da luz

deixo o passado lá atrás
e atravesso a tempestade presente

mantenho-me forte
e sigo rumo ao desconhecido

através dos olhos de Deus
e pelas mãos dos anjos
eu procuro-te

para me encontrar
Feb 2015 · 374
O Espírito
Rui Serra Feb 2015
dança à chuva
das lágrimas que jamais
vais poder suster.

tira da terra
os nutrientes para o teu
eu interior.

acende uma chama
para que possas ver o caminho.

sente o vento
para desfrutares da liberdade da vida.

para que possas conhecer o espírito
“vive” os elementos e vive a vida em harmonia.

conheces o espírito?
Feb 2015 · 521
Passeio do poeta
Rui Serra Feb 2015
vou nostálgico
por entre nuvens de abetos
Feb 2015 · 480
Veneno
Rui Serra Feb 2015
a ideia escorre
lentamente

fruto do corte profundo

escorrem também
palavras que escrevo

que outrora escrevi

escorrem e
invadem a noite

aperto a ferida

os anticorpos
expulsam o veneno

volto a acreditar
na doçura das palavras

volto a escrever

mas na realidade, o que sai de mim?
Feb 2015 · 422
Quero ver o teu eu
Rui Serra Feb 2015
eu quero sussurrar miséria
no lóbulo interior do teu eu

eu quero fazer crepitar o fogo
e voar para fora das amarras que me detêm

eu quero ver os teus olhos castanhos
que deixam manchas na alcatifa
das lágrimas que se desprendem da tua face

eu quero ver o teu eu!
Feb 2015 · 392
Imaginação
Rui Serra Feb 2015
sinto frio

frio dos teus dedos
que percorrem o meu ser

calor

suspiro

esmagas-me o corpo
como folha entre as páginas de um livro

sinto o suor
escorrer do teu peito

instantes

acordo

afinal sou feliz
Jan 2015 · 429
Chuva
Rui Serra Jan 2015
abro a janela
e sinto o ar húmido

sinto o beijo
frio
na minha pele

volto a ser criança

sinto-a escorrer pela minha face

encharco-me

danço entrelaçado em cada gota;

a chuva apenas nos liberta
Jan 2015 · 539
Reflexos
Rui Serra Jan 2015
sou um espelho antigo

frio . vazio . sombrio

como um túmulo

sobre a lareira
domino o quarto

vejo lá fora
as flores e árvores
do teu jardim

há dias em que sinto o vento

vejo-te à noite a pentear
os teus sedosos cabelos

vejo-te à noite a acariciar
os teus voluptuosos seios

fazes amor no reflexo da minha existência

eu sou imortal
nunca minto

eu serei o único
que lá vai estar, no teu quarto
até que definhes

e aí
dar-te-ei as minhas memórias

será muito, muito difícil para mim,
quando já não houver nada para refletir
Jan 2015 · 493
Rua da solidão
Rui Serra Jan 2015
deambulo pela rua
à procura da razão
desse amor que me trucida
que me trespassa o coração.

dou comigo perdido
em estradas sem saída
em caminhos cruzados
nas ruas da minha vida.

empedrados já gastos
por uma grande ilusão
pelas vidas passadas
por quem se esconde da solidão.

tanta amargura há em mim
que agora já não tem cura
e sem destino nenhum
parto rumo à aventura.
Dec 2014 · 239
In(Sanidade)
Rui Serra Dec 2014
degustação
automutilação
desvalorização

momento de in(sanidade)

negação
abstenção
imperfeição

momento de in(sanidade)

libertação
Dec 2014 · 468
monstros
Rui Serra Dec 2014
no ***** da noite

monstros
passeiam-se pelas vielas

medo
sono
cansaço

abraça o frio
e adormece

esta noite trato eu deles

os teus monstros
os meus pesadelos

os que vivem debaixo da minha cama
os que habitam dentro da minha cabeça

o coração bate forte

esta noite os nossos monstros estarão juntos
Nov 2014 · 332
Sonho
Rui Serra Nov 2014
noite

um sonho

outra cidade

luzes mecânicas

procurei-te por entre
os escombros da cidadela

mortes apocalípticas

medo

e não é isso que eu quero para mim
Nov 2014 · 648
Deuses
Rui Serra Nov 2014
deuses brincam
envoltos em linho branco

o carrocel gira vertiginosamente
no eterno mundo humano

e gira
até ao zero
ao infinito

o omnipresente observa

então os deuses,
na sua sabedoria intemporal
limitam-nos
nas nossas acções . palavras . pensamentos . emoções

e continuam a brincar
rindo desesperadamente
montando os seus cavalos de madeira rachada e entorpecida
Nov 2014 · 479
A REVOLTA DOS PINCÉIS
Rui Serra Nov 2014
e em cada pincelada
imbuída de sentimento

o pincel revolta-se

revolta-se

contra a caligrafia perfeita
sobre o papel machê

contra a intemporalidade de cada gesto
sobre a folha de papel

estremece

a tinta desfalece sobre a obra
agora manchada

renascimento

rebentos verdes peregrinam
entre as rugas
pontilhadas de um ***** puro
Oct 2014 · 432
PALAVRAS FEIAS
Rui Serra Oct 2014
absinto

licor do entorpecimento
que tolda a mente

anestesia barata
para os males do mundo

e... que te faz soltar
palavras feias

ah! cegueira
que te joga ao fundo

ah! dor
que te faz crescer

ah! amor
que não sabes viver
Oct 2014 · 350
CADERNOS
Rui Serra Oct 2014
reparei agora
onde vivo

partes de mim,
separadas,
povoam cadernos

desenhos do meu intelecto
vivem entre linhas intemporais

sonhos
   começados
   inacabados

contam histórias
abafadas pela imensidão dos tempos

mas hoje
por detrás das metáforas que o lápis traça na minha mão

vivo e cresço
Oct 2014 · 358
MORFINA
Rui Serra Oct 2014
poros
transpiração

as veias latem
as artérias latem

o senhor dos sonhos comanda

nulidade

sinto a sua presença

rejeição

realidade cruel
que habita nos meus olhos

a toxicidade é viciante
o vicio é... sufocante
Oct 2014 · 476
O FEITICEIRO
Rui Serra Oct 2014
acordo
noite, gritos, luzes

tambores outonais

levanto-me
sabor a mel, hidromel?

sinto-me sujo
penas, sangue

criaturas da noite
criaturas da solidão

acompanham-me, libertam-me

corro

clareira nua
dança nua

sinto-me corpóreo, etéreo
lambo-te

bebo do teu sangue,
as tuas lágrimas

fogueiras
sombras de deuses esquecidos

ritual

o coração pára,
desfaleço
sobre o teu olhar moribundo
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