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Rui Serra Sep 2015
olhas-me
olho-te
asfixias-me
devoro-te
aprecias-me
ignoro-te
tent­as-me
sorrio-te
sentes-me
apunhalo-te
provas-me
pontapeio-te
beij­as-me
mato-te

mas volta sempre a amar-me
Rui Serra Sep 2015
um olhar
de desprezo
de ódio
um olhar estranho

o espelho reflecte o espectro

um sorriso
de desprezo
de ódio
um sorriso estranho

e os olhos escondem
profundos segredos sombrios

vejo a escuridão

afasto-me do espelho
para fugir ao olho miserável
Rui Serra Sep 2015
corro

das profundezas da minha mente
tentando escapar do mundo
criado pelo meu eu interior
e viajo em perfeita solidão

sinto a morte a
atravessar-me a alma

o gosto amargo da cicuta
escorre-me pela boca
e o mundo torna-se escuro
separando corpo e alma

uma luz ilumina-me
mas no fundo eu sei
que as trevas habitam em mim
Rui Serra Sep 2015
corre a brisa suave
é tarde na aldeia
ouço uma colcheia
vem do fundo da cave
é noite de lua cheia
olho então em redor
pessoas passam aqui
jovens a comer cáqui
um futuro promissor
nada de Nagasáqui
Rui Serra Sep 2015
abro a porta e viajo.
vou para além dos espaços intemporais.
perco-me no tempo e viajo,
por entre as brumas da solidão.
Rui Serra Sep 2015
um amor precisa de espaço para...

um amor precisa de espaço para Amar
um amor precisa de espaço para Ninar
um amor precisa de espaço para Adoidar
um amor precisa de espaço para Brilhar
um amor precisa de espaço para Elogiar
um amor precisa de espaço para Louvar
um amor precisa de espaço para Acasalar

um amor...

um amor precisa de espaço para ser amado
Rui Serra Sep 2015
exilado em mim
busco a luz,
um sinal.
sob a incessante chuva
vou mais além
abro os portões

oh misteriosa dama
faz-me voar pela noite fria

vamos eu e tu
vamos vaguear por entre os relâmpagos
vamos juntos
libertar as almas atormentadas
nesta noite que não mais tem fim.
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