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Rui Serra Oct 2014
poros
transpiração

as veias latem
as artérias latem

o senhor dos sonhos comanda

nulidade

sinto a sua presença

rejeição

realidade cruel
que habita nos meus olhos

a toxicidade é viciante
o vicio é... sufocante
Rui Serra Oct 2014
acordo
noite, gritos, luzes

tambores outonais

levanto-me
sabor a mel, hidromel?

sinto-me sujo
penas, sangue

criaturas da noite
criaturas da solidão

acompanham-me, libertam-me

corro

clareira nua
dança nua

sinto-me corpóreo, etéreo
lambo-te

bebo do teu sangue,
as tuas lágrimas

fogueiras
sombras de deuses esquecidos

ritual

o coração pára,
desfaleço
sobre o teu olhar moribundo
Rui Serra Jul 2014
Jorge abriu a porta do alfarrabista e um cheiro húmido invadiu-lhe a mente.
- Boa tarde. Bradou uma voz rouca do seu interior.
- Boa tarde.
- Então o que o traz aqui?
- Procuro um conto.
- Sim, mas de que tipo?
- O que procuro deve ter cem palavras.
- Que especificidade.
- Pois sim, tem alguma coisa?
- Huummm, deixe ver.
- Agradeço que veja se não tem por ai algum guardado.
O livreiro abriu a gaveta e retirou do seu interior o palavómetro. E após algumas medidas, eis que surge um conto, assim como este, com cem palavras, nem uma a mais, nem uma a menos.
Rui Serra Jul 2014
Na minha terra há um cemitério,
antigo,
da idade dos anos.
Abriga os mortos,
os meus mortos.
Quando por lá passo,
na penumbra do entardecer,
sinto o roçar das suas almas.
Rui Serra Jul 2014
Passeio por entre a névoa que me esfria a alma.
Sepulturas ladeiam meus passos.
Procuro-te na solidão fria da noite.
Teu corpo jaz sob a fria lápide.
Desejo o teu beijo mórbido e frio.
Abraça-me.
Vêm, envolve-me em teus braços.
Sentes o meu coração sangrar?
Em breve estaremos juntos.
Rui Serra Jul 2014
Aiiii . . . não sei se é amor ou é loucura,
essa força, enfim, que desconheço,
amarrou-me a vida à tua vida obscura,
e a ti, a ti somente “AMOR” eu peço.

O agridoce desta nossa aventura,
as delicias que me dás e não mereço,
todo este amor com toda a sua loucura,
o amor em que vivo e desfaleço.

Fazes-me lembrar as negras rosas,
que me deixam assim embevecido,
inalando o teu aroma delicado.

Como que atingido pela seta do cupido,
abraço as tuas pétalas maravilhosas,
sucumbindo assim ao teu beijo envenenado.
Rui Serra Jul 2014
Miúda
será que me amas?

Penso que sim.
Eu sabia
que acabavas por me amar

Vem até mim
querida
toca-me
sente o meu corpo
anda
vamos
brinca comigo
diverte-te,
ou serei assim
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