Submit your work, meet writers and drop the ads. Become a member
12h
Ri, coração — com lábios de demência,
Com a febre antiga do que já morreu,
Ri do silêncio, do que não se deu,
Ri com a náusea sagrada da existência.

És trôpego bufão da consciência,
A flor sombria que ninguém colheu,
O som que ecoa do que não nasceu,
A cicatriz da própria irrelevância.

Bendito o riso que, entre os escombros,
Faz da ruína seu clarim de assombros,
E dança à beira do abismo mais frio.

Pois no teatro absurdo deste engano,
Só resta rir, como um defunto insano,
Com a boca cheia de um último vazio!
Othon
Written by
Othon  M/Southern Brazil
(M/Southern Brazil)   
Please log in to view and add comments on poems