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4d
Abro a carne do peito
como quem abre uma janela,
e deixo a luz me varrer
com suas mãos amarelas.

Então me deito em silêncio
no edredom branco,
e espero a morte chegar.

Sou um soldado russo
e beijo você
como se beijasse o futuro.

Beijo você
como se a saliva pudesse
lavar meu passado.

Como se entre suas coxas
morasse a porta da festa
que eu fui barrado.

No fim,
somos apenas dois homens —
uma mentira sustentando a outra,
rezando para que esse quarto
seja um casulo,
e que ao sair pela porta
sejamos qualquer coisa,
sejamos farol em mar escuro.
Written by
iannogueira
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