Magoado, desconfiado, ainda esperançoso, Será este o gênio por detrás da loucura? Um detective de meia tigela Na cidade negra e molhada, Encostado à parede, Observando. Lá vai o suspeito, Para o qual sou pago.
Sigo, de lado, O casaco amarrado. O vento esconde o progresso. Os passos, esses abafados. Mãos nos bolsos, cuidado. Sinto o frio da arma Na palma suada.
Um instante muda tudo; Há que estar alerta. A confiança, essa, Não pode ficar aberta, Apesar da música duma janela Convidar a uma pausa; A breve oferta, Publicidade e enganosa. Dispenso, à cautela.
Viro a esquina e ei-la, Apontada a mim; A distração auto-imposta Com banda sonora antiquada, Agora levando ao fim Da minha vida doada. Olho no cano E a luz aparece; Não vi Deus do outro lado Apenas outro pobre coitado.