Minha mente, um vasto vácuo, divaga,
enquanto o ar me escapa em ofegante lamento.
Não corri, mas a ansiedade galopa, impávida,
pressionando-me o peito como fardo violento.
Uma manada impetuosa ruge em meu ventre,
e, ainda assim, sustento a face serena,
pois acostumei-me a silenciar tormentos
e a ocultar a dor sob a névoa amena.
Os pensamentos, frágeis, esvaem-se na hora exata,
as palavras, impensadas, brotam sem freio.
Ergo os olhos ao teto e as lembranças me assaltam,
umas ternas, outras ásperas como o vento alheio.
As más, tão insistentes, insistem em ficar,
embora eu relute, embora eu as negue.
Mas nunca mais será como outrora,
pois meu próprio querer a saudade repele.
E assim sigo, exausto, mas atento,
deixando que a sonolência me embale em devaneios.
É no limiar do sono que encontro o intento:
escrever sem sentido, mas pleno de anseios.