Hoje estou aqui, despejando o que sufoca, palavras que me engasgam, que me prendem a garganta, gritando em silêncio, chorando sem olhos que vejam, esperneando sem mover um só músculo da alma.
Minha única companhia é aquela que me embriaga, derruba-me num sono sem sonhos, sem cor, onde o vazio se torna refúgio, onde nem ecos nem ruídos ousam entrar.
Sou árvore que lança suas folhas ao vento, mas também galho seco no rigor do inverno, preso ao tronco, congelado no tempo, sem cair, sem renascer, apenas existindo.
Ainda estou de pé, mesmo quando já caí, pois algo maior me sustenta, algo mais forte que o abismo dentro de mim. Preciso mudar, seguir, esquecer…