Canta, esplêndida sonata, O desvario eterno do universo E rima, e da alma desata O meu único e exilado verso.
Tremi nas aras da tristeza, Nos incógnitos anoiteceres Entre mil e um seres, Despi-me sombrio na profundeza.
Sou rei e sou mendigo, Nada sou sem meu ser, Não sei mais o que eu digo Sou o infinito zero a esmorecer.
Flores do nada, amanhecem no tudo Seres que não existem, dizem uma verdade, Eu sou a sempiterna soledade, Do meu ser louco e desnudo.
Sou a forma distinta, inexata, ambígua De tudo que se afirma, em mim se míngua Como a negação de minha negação, Carretéis de espinhos coroam meu coração.
Esplendor ***** dos desonrados, Sombra de vasos quebrados De Shevirat ha-kelim Pintando com meu sangue carmesim
A pútrida árvore da vida Eis minh'alma desconhecida, Por toda a eternidade, Pisoteando nas uvas ilusórias da verdade!