como quando tigres enfeitam a maçaneta dos ventos e cobrem o fio de náilon sobre a camada espessa da terra.
logo eu que pairo sobre as montanhas cobertas de neve de açúcar chego cansada pelos montes de veludo e sopro todo ar que um dia foi de alguém.
escuto os sons que meu pai grita da garganta seca e consumida pela vida falha dos danos em nó.
sigo firme no divã que um dia foi de minha vó que morreu nos braços de deus enquanto vomitava em uma bacia de metal em formato de baço.
eis que um dia pensei: sou feliz e não sabia que era.
um dia quando tudo se cair pela metade na esquerda irei confusa dormir sob os véus dos espíritos que pairam na terra secreta e silenciosamente dominam a mente de pastores homens.
há de um dia ser tudo amor e mais vívido como quando quadros pintam a si mesmos na calada do dia em pleno raio de sol das três e quinze da tarde enquanto tomam café gelado sem leite.
minha mãe um dia travou em pé e encarou a guarda de um poderoso pai e padeci de medo mas superei a realidade que o mundo um dia me trouxe.
quisera eu dominar a xícara de licor sob os pés de caixas simbolizantes e soprar uma lágrima pelos ombros que um dia foram meus e de mais ninguém.
haja fé suficiente na vida dos que ainda não foram e procuram por paz no meio do caminho tortuoso de outra dimensão.
um dia uma nuvem vai cair do céu e parar sentada no meu colo; e quando a tesoura que usarei pra corta-la sair da gaveta, gritarei quatro vezes: esse mundo não é teu.