Arregaço as mangas largas e ensopadas Do mar bravo que as molhou, Volto para a areia,onde o sol Aquece os grãos, E fez acelerar o passo De quem por lá andou.
Todas as manhãs,o mar traz ao de cima Espuma,algas e saudade. Corto as mangas da minha velha camisa Para ver se a água gelada não me adoece, E desajeitado, cortei a vaidade.
Agora só molho os meus magros braços, E ao olhar para o mar vejo-te atrás de mim, A tentar puxar-me para a areia porque Na água, somos o espelho da saudade e de quem morre ao não saber pôr um fim.
Resisto como resistem as pernas de um pescador na corrente do mar, Mas aflito e sem forças afogo-me, e deixo-me levar. Deixei a minha velha camisa na areia Para se me vieres ver, o meu cheiro possa contigo andar.
Pode ser que na próxima maré O meu corpo ao de cima possa vir. Se estiveres na nossa praia Pode ser que te veja a sorrir.