Pelo alvo deserto vão, me atrevo Com passos vazios e rigidez emudecida Caminho à livre esperança aquecida Sem umbras derradeiras de vil enlevo
Nestas escassas palavras que descrevo Aflijo, na natureza selvaticamente esvaída, O brado ofego da moribunda esquecida Cruzando-me os dentes o férrico sangue e doloroso arquejo
Ante os olhos que se chegam em céu vasto, O silêncio zune, norteia-me, arrasto E completo minhas vistas com negrumes vários
Deserto! Deserto! Das sombras, sóis filho nefasto, Por eternidades, quais d'aurora me afasto A vós enterneço meu desgarro solitário
Nota ao uso do pronome da segunda pessoa do plural: figura de silepse a fim de conotar "vastidão" ao referir-se ao(s) deserto(s).