Tenho medo o tempo todo Medo de salas de aula Escritórios De atravessar a rua Bancos De esperar o ônibus Da rua escura, do beco De ser passageira num carro que vai bater Ou ver quem amo morrer Tenho medo porque amo tudo descontroladamente Amo até o ódio que cria em mim rebeldia Que me faz desafiar os dias Tenho medo do tempo De te esperar na fila do cinema e você finalmente decidir que não é a mim que quer para ti Apavoro só com o pensamento de voltar para casa com outra frustração Eu não aguentaria, tenho medo de não aguentar Tenho medo do abandono Dos olhares Até de altares Que me lembram o medo de infância de que talvez houvesse um demônio em mim Um medo neurótico, paralisante Que nem por um instante Me deixa refletir quem sou