O coração não mais bate ansioso Não se queixa se se parte Mudo, calado, Pede que me esqueça que existe E que sucumba, Muda, calada, Ao vazio que me toma o peito Para que nele faça casa novamente.
A cabeça divaga, inquieta, Queixando-se só de não se queixar Calada, indiferente, À impulsividade que me toma E que me torna, Feroz, calada, Num outro animal qualquer Que me rasga a pele e alma sujas.
Sou presa e predadora nesta Primavera que chega Não mais borboleta mas fera sedenta Do sangue que em si mesma corre Feroz, abafada, Por drogas rotineiras E uma cabeça que se não cala Abafada, empurrada, Por whiskey rasca e brancos quentes Caio no ímpasse do quase esquecimento. O corpo que me prende não é o meu O Ser, levou-o a nortada Sou só sentires inexistentes e pensares duvidosos Matei-me e, impura, continuo a viver Presa na vida e presa de mim.