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goldenhair Jul 2013
Queria confessar, não resisto àqueles olhos
os seus, verdes, me encarando, fixos.
Corava-me a face, confundia-me o peito.
Uma lua refulgente num céu opaco
É como tentar descrever os olhos de Capitu.

Quando nossas mãos se encostavam
assim, de relance, sem querer
um segundo no tempo.
Arrepios.

Preencheria esse vazio dentro de ti e te faria só meu.
E nos meus poemas te descreveria com tanto fascínio
quanto o guerreiro branco descreve a virgem Iracema.

Seu sorriso doce, seu peito – meu leito
Canta suas canções no ouvido meu
Como fazem os pássaros na manhã,
cortando o silêncio que paira nos montes.

Deságuo no oceano da tua alma
Me afogo no teu afago
Procuro suas mãos de encontro com as minhas
Sozinhas.
goldenhair Apr 2014
meus pés se aconchegavam entre a grama verde,
e vinda de longe, ouvia-se uma canção,
a canção do poente.
e no topo das montanhas,
o vento soprava e me dizia o mistério do mundo
a natureza cantava doce pra mim,
a maresia me trazia um sentimento novo
e me fazia nascer de novo.
goldenhair Jun 2013
vem pro calor das minhas mãos
ser a nota principal das minhas canções no violão.
vem fazer abrigo dentro do meu umbigo
juntar seus pés com os meus debaixo do meu cobertor antigo.

me dá de novo teu beijo com sabor de framboesa
deita comigo naquele meu lençol azul turquesa
deixa eu me esconder na mata dos seus cabelos
te abraçar quando tu tiver aqueles pesadelos
goldenhair May 2013
não sinto, sou poeta que finge
as mulheres que amo
vieram de copos de uísque
sobre a madeira dos móveis
cegos na madrugada.

não sinto, já sou anestesiado
fui ultrajado pelo amor
e a sorte já não me quer mais.
agora sou amante das palavras
dos versos jogados à mesa de bar

já não mais sinto o doce da vida
o amargo de nicotina, é o que me restou
um uivo perdido à beira da calçada
cinzas num cinzeiro velho na estante da sala

estou coberto por cicatrizes invisíveis
bêbado largado nas entrelinhas de um poema sem rima
goldenhair Aug 2012
Como num golpe de espada,
Meu amor por ti nasceu.
Coube-me como uma coroa,
Minha alma agradeceu.

E nos dias mais secos,
Os beijos mais molhados quero teus.
Tu foste feito perfeito pra mim,
E desde ontem, meu bem, meu amor por ti cresceu.
goldenhair Jun 2013
queria ter congelado a imagem do seu sorriso
queria ter gravado o som da sua voz
naquela tarde de domingo você esmagava meu peito
com suas canções no violão, seu olhar de garoto sabidão
cantava, me encantava.

o vento batia e bagunçava os cachos do seu cabelo
o sol penetrava por entre seus cílios e
seus olhos ficavam mais claros do que já são.  
cada vez que sentia seu cheiro era como
um desfrute do paraíso.
criava um romance com as pintas do seu rosto
e escrevia cartas de amor pra elas.

queria ter congelado aquela imagem, você descalço
queria poder sentir novamente a textura da sua pele,
branca e sardenta sendo queimada pelo sol
queria poder roubar as curvas do seu sorriso
imagina...as linhas da sua mão, as linhas da minha mão
se entrelaçando, nos casando.
goldenhair Apr 2014
suas palavras me dão espasmos
o jeito que você canta feito um gatinho miando
seus olhos me cercando por todos os lados
sua voz suave me cortando me roubando o oxigênio
atingindo-me no meio do peito feito uma lança
que me atravessa e me faz sangrar e só parar ate conseguir ouvir de novo
sua voz de abandono tão doce tão suave que me faz querer vomitar
que contrai todos os poros do meu corpo e por um segundo para todos os meus órgãos e me seca e sufoca e aperta e queima feito ácido por dentro
e seu corpo tão suave e tão belo e tão angelical tão ingênuo e me faz
querer te usar te corromper é como garras rasgando minha pele como álcool no meu sangue que arrepia cada pelo do meu corpo e me faz te querer mais e mais
toda manhã em que eu acordo sem seu sorriso de quem pede carinho e pede amor mas eu não posso te dar amor por que você é diferente você é especial você está tão distante de correr esse risco, mas eu te quero, eu te quero.
goldenhair Aug 2016
Sou vento, mar, terra
Sou corpo, carne, ossos
Sou tudo o que há.
Feito de estrelas, feito de nuvens
Com cheiro de chuva, fumaça e ferrugem.
Sou a pedra no caminho, o perfume das flores
O amor, o ódio, a saudade e a morte.
O canto dos pássaros, a contagem do tempo até o fim
Não sou um, sou milhares, com um mundo inteiro dentro de mim.
Não imortal, mas infinito.
goldenhair May 2013
O quarto escuro e apenas a luz vinda de fora só me deixavam ver o contorno do seu rosto, mas eu ainda conseguia decifrar seus traços, o gosto molhado da sua boca, a textura do seu cabelo.

Experimentava seus lábios, tão feroz quanto o vento quando toca as flores, fazendo-as exalarem seus perfumes, assim como o seu gosto o fazia em mim.

Desfrutava de todo o tato possível, e pelos seus braços, caminhava uma das mãos, enquanto eles se envolviam e se apaixonavam pelo meu corpo, abraçando-o forte, como um leão agarrando sua presa.
Seus beijos me completavam e me envolviam, tal como a mais fina seda do mais belo vestido cai perfeitamente no mais maravilhoso corpo de mulher. Seu cheiro doce, de pele morena, sufocava toda a hesitação que ainda me restava e me fazia entregar-me por inteiro. Suas mãos teimavam em bagunçar meu cabelo que, envolto em seus dedos, se realizava por encontrar tanta obstinação vinda de um único conjunto de dedos.  

Por um momento, antes de dar-me um outro beijo, me olhou nos olhos, com olhar de pescador que foi fisgado pelo canto da sereia e, de repente, nada mais existia.
goldenhair Apr 2014
Eu não quero escrever sobre você. Mas eu esqueci que nunca consegui ficar brava contigo, e sempre que tentava, você me fazia rir de uma forma ou outra. Achei que te conhecia de todos os ângulos, cantos, promessas e toques. Corria os dedos pelas falhas da sua barba e ia te desenhando, traçando um mapa pra uma ilha desconhecida em que eu mergulhava e explorava até descobrir suas armadilhas. E quando eu caia nelas e ficava presa, adormecia e nos meus sonhos você vinha me salvar. Mas se fosse pra me salvar, nunca me levaria até lá. Mas eu não quero. Não quero trocar os prazeres que tive contigo, mesmo que me dê raiva. E saudade. Eu não quero ter raiva nem saudade. E não quero escrever mais sobre você.
goldenhair Aug 2012
Queria ficar sob os olhares teus,
morar nos abraços teus,
ser a razão dos sorrisos teus
e refletir no brilho dos olhos teus.

Você, mais belo que Adônis,
tão doce e tão amado,
imagina nossos dedos entrelaçados
e o seu corpo junto do meu.
goldenhair Jun 2013
o que saia brotando do peito
inundava, invadia os poros da pele
entrava pelos cantinhos entre os dedos
por baixo das unhas, nos fios de cabelo

era como soda cáustica sobre a pele
um grito no vácuo, uma luz distante
um caminho de carvão em brasa
solidão.

pele morta, pele nova
era como (re)nascer
se livrar de um vício
assistir o alvorecer

contornar pro caminho de volta pra casa
com medo
era como (re)viver.

— The End —