Submit your work, meet writers and drop the ads. Become a member
 
1.0k · Aug 2014
A Mesmice de Dias Diferentes
Danielle Furtado Aug 2014
Acorda e já não sabe quem é, mas que diferença faz quando não se quer ser alguém?
O cigarro queima enquanto pensa em respostas para a vida, meio dia. A fumaça preenche o vazio e alivia a ânsia que as dúvidas causam, enjoada pela própria ignorância, por mais que tente saber tudo, não sabe nada. Então percebe todas as pessoas indo aos seus destinos, como fantasmas, ninguém as nota, nem elas mesmas, é tudo automático e ninguém realmente sabe o que está fazendo. Qualquer obstáculo no caminho para o trabalho é razão para dizer que o dia foi terrível, pois digo que terrível é fazer o mesmo caminho todos os dias, voltar para casa e receber o olhar frio das pessoas que também tiveram um dia "terrível".
O cigarro está quase no fim e acende outro logo em seguida, morrer cedo não é problema para alguém assim, então pensa em por que as pessoas querem envelhecer se todos os dias delas são iguais, semanas redundantes que se transformam em anos redundantes, vidas irrelevantes. Todos estão correndo para pagar seus impostos, todos estão preocupados em comprar móveis novos para suprir uma casa cheia de solidão. Uma televisão enorme ligada para o nada, fingir que não estamos sozinhos. Todos com tanto medo de irem contra o fluxo, gente desinteressante que acha o interessante esquisito.
Gente que morre sem ler poesia.
D. Furtado
Danielle Furtado Jun 2014
Talvez eu tenha te enterrado vivo e enquanto sufoca me sinto impotente, terra entra em teus poros e te leva de mim, te leva da vida, e eu não posso fazer nada, eu não posso nem dizer adeus, tem terra nos teus ouvidos, você não me ouviria. Então assisto ao teu enterro de longe, torcendo pra que levante e expulse todos os micróbios que tentam morar em seu corpo, mas você está tão imóvel quanto eu.
D. Furtado
655 · Aug 2014
Ode ao Jimmy
Danielle Furtado Aug 2014
Pior do que a certeza de que morreu,
é a dúvida disso.
Não posso provar sua existência,
já é memória em fragmentos.

Vida sua que mudou a minha
Cheia de histórias, ideologias
Você que vem cheio de defeitos e perfeições
Eu tão impotente

Minhas palavras, todas tiradas dos teus poemas
Teu sotaque, uma voz imaginada
Que obra de arte eram teus olhos
Feitos de um azul-convite

E eu aceitei.
D. Furtado.
Danielle Furtado Jun 2014
There's something in the room
It's hiding behind my back
No one can feel it but me
It wants me to wreck

I don't know what exactly it is
But anxiety is it's friend
I whispered to not be caught
And realized it's in my head

There's an ocean inside of me
They see a land full of flowers
I'm drowning and cannnot breathe
While they see a morning shower

I died two times last night
Only a part of me woke up today
It's not that I'm in pain
It's that I can't feel anything

There's something missing  
Maybe it's hiding behind my back
Everyone can see it but me
I think I'm already wrecked
D. Furtado
603 · Apr 2017
Sobre Medo
Danielle Furtado Apr 2017
Tenho medo o tempo todo
Medo de salas de aula
Escritórios
De atravessar a rua
Bancos
De esperar o ônibus
Da rua escura, do beco
De ser passageira num carro que vai bater
Ou ver quem amo morrer
Tenho medo porque amo tudo descontroladamente
Amo até o ódio que cria em mim rebeldia
Que me faz desafiar os dias
Tenho medo do tempo
De te esperar na fila do cinema e você finalmente decidir que não é a mim que quer para ti
Apavoro só com o pensamento de voltar para casa com outra frustração
Eu não aguentaria, tenho medo de não aguentar
Tenho medo do abandono
Dos olhares
Até de altares
Que me lembram o medo de infância de que talvez houvesse um demônio em mim
Um medo neurótico, paralisante
Que nem por um instante
Me deixa refletir quem sou
589 · Mar 2014
The damn "ess"
Danielle Furtado Mar 2014
Numbness, thoughtless
Why everything seems so pointless?
I shouldn't feel this worthless

Loneliness, dumbness
Sometimes more, sometimes less
I fear my own consciousness

Useless
D. Furtado
439 · Apr 2017
smother
Danielle Furtado Apr 2017
Tenho acreditado por tanto tempo que tudo de errado e ruim que sinto se esvairia quando encontrasse alguém que quisesse passar noites em claro fazendo nada ao meu lado, e que isso fosse o suficiente, que eu fosse o suficiente. Já experimentei esse sentimento e por mais que repita incontáveis vezes o quanto me quer ali, o sentimento não vai embora; De repente sinto o impulso de me levantar e ir embora sem dizer adeus, e nunca, nunca mais, ouvir de você ou deixar que ouça de mim. São as pequenas mortes como essas que me mantiveram viva até agora, não quero ser real. Me desculpe por todos os olhares, dedos entrelaçados, e promessas não ditas mas subentendidas. Me desculpe antecipadamente se eu tiver que ir embora em algumas semanas ou meses, ou dias. Amanhã, talvez. Quando eu estiver em silêncio, segure-se, segure-me.
431 · Nov 2016
Spleen
Danielle Furtado Nov 2016
Ninguém pode aliviar a tristeza que sinto
ou me lembrar do que era antes de ser tudo isso
sou retalhos do que nunca fui
do que queria ser
uma sucessão incansável de quases
de despedidas
de esquinas que me lembram os piores dias da minha vida
há algo que me afasta de mim
um peso em cima do meu peito que não me deixa sair
nada grita mais que o silêncio entre as músicas que escolho pra dormir
e eu dormi a vida inteira
D. Furtado
414 · Jun 2014
"Why Do I Keep Counting?".
Danielle Furtado Jun 2014
What if the days weren't numbered
And eternity and seconds had the same value
And be loved for one minute was worth our lives

What if our words had real meaning
And didn't matter if you love or hate unless you feel it
And make someone feel anything was worth our lives

But none of us can feel a thing anymore
And that's why the days are numbered
And the words have no meaning
And poetry is a waste of time
D. Furtado
411 · Apr 2017
Âmago
Danielle Furtado Apr 2017
Acontece o tempo todo.
Sinto meu estômago embrulhar como alguém que acaba de sair de uma montanha russa, e isso é uma analogia perfeita já que vou de total satisfação à vazio completo em três tragadas num cigarro ou menos. Não importa com quem ou onde eu esteja, é hora de trocar de música, fixar o olhar no nada para tentar sacudir o vazio pesado que repousa sobre meu peito, como se tivesse me engolindo, mas de dentro para fora. Logo me sinto vulnerável, como se tivesse uma ferida aberta e necrosada no meu âmago e todos pudessem ver através de mim, como se meus olhos contassem meus segredos, as vontades que tive e tenho de me atirar em frente a um ônibus em movimento, então volto a mim geralmente com a pergunta de alguém que gosto questionando se está tudo bem, digo que sim, que estou com sono, cansada, o que não deixa de ser verdade, eu realmente estou cansada. Eu sempre sinto que preciso ir embora, afinal. Mesmo estando em minha casa quero ir embora, para onde?! Desconheço lugar no mundo e na história que me faria sentir em casa. Desconheço o abraço que me faria sentir que pertenço, ou que me querem ali. Então digo que estou atrasada, que sinto muito, que cancelo os planos, que estou doente, que tenho que estudar, peço licença e me retiro, volto pro conforto de estar triste e sozinha, sem precisar esconder o olhar vazio encarando o vazio, e esse é o melhor que posso fazer.
D. Furtado][
410 · Jun 2014
The Death Breeze
Danielle Furtado Jun 2014
There's a breeze coming from the window
The cold gives me chills, goosebumps
My hair is ice now
Ignoring all the reality noises that comes from the kitchen
The wind feels like home
Maybe because it has the same temperature of my heart
Put my body against the window, it's never close enough
The sky was dark blue when I started writing this, now it's totally black
There is no stars, I can't see the moon
Maybe death is just like that, in a blink of an eye you're gone
There's no stars, no moon, no noises, no kitchen, no window, just wind
You close your eyes and for the last 3 seconds of life
You finally can feel something true
You finally see something beautiful
Something that is worth telling others
Something that would inspire the whole world
You see how beautiful the end is, but the end ends too fast

It's too late.

And there's no breeze coming from the window for you anymore.
D. Furtado
408 · Jun 2014
Untitled
Danielle Furtado Jun 2014
The razor I  keep inside my pocket
Keeps me away from losing control
Even though if you keep a razor in your pocket
It means you've lost control a very long time ago

The days come and go as I rise from the dead
Classic music makes me forget the secrets
all the secrets I keep behind my teeth
and the lies I told the ones who care

And as I travel to another century
My soul is filled with pure joy and I know no pain
There is no razor, there is no blade
Suddenly I have a princess dress and zero scars to be ashamed

"How long will it last this time?", I ask myself
And answering my question, the song ends
The walls of the castle I made starts to fall
The wind in my hair now is just a blow

And I start the music over again
D. Furtado
Danielle Furtado Apr 2017
Desisto de te desistir
Várias foram as tentativas de destruir possibilidades
Enfeitadas com piadas e um pouco de dor natural do amor (e de mim)
Mas gentilmente barradas por ti
Sem esforço ou cansaço
Natural e fácil
Não como se nos conhecêssemos há muito mais tempo
Mas como se tivéssemos tempo a perder
E com prazer perco a hora esperando entardecer na tua íris
Subitamente invadida pela ideia de que não queria estar em nenhum outro lugar
Já não luto contra
Aceito
Deixo entrar
314 · Aug 2017
Newborn
Danielle Furtado Aug 2017
Nunca foi tao confortável estar viva
Nem mesmo no pior dos meus dias
Quero estar longe de voce
E quando o faço é somente para te proteger de mim
Meus dias bons sao valiosos portanto seus
Nao quero mais desperdiçá-los procurando
ou com sorte encontrando
Outra pessoa que me entenda como entende-me
Nem meu amigo mais antigo saberia dizer
Exatamente o que eu preciso
O amor é egocentrico
Amo-te porque entende-me
Mas meu amor também é altruísta
Amo-te porque conheço-te
Entendo-te
Leio-te
Escuto teus medos e guardo os segredos
Até nao caber mais em mim
Ao te conhecer nasci
Nao de novo, mas pela primeira vez
E eu nao quero mais morrer

— The End —