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Victor Marques Jun 2012
Rio Tua


Olho o rio que corre suavemente,
Nobre povo, paisagem estonteante,
Castanheiro terra singular,
Janela aberta para te comtemplar.

As montanhas descem para ti rio tua,
Imagem linda sem igual,
Pareces não ser rio, ser o mais lindo postal,
Rio maltratado pelas gentes de Portugal.

Quando me levanto te olho com amor,
Encontro Deus nosso Senhor.
Os melros e pintassilgos entoam afinadas melodias,
E tu rio Tua te abandonas junto às penedias.

Grande Abraço.
Victor Marques
Victor Marques Apr 2014
O Douro na sua plenitude
Quando me levantei, senti aquele sentido odor de uma linda manhã de primavera.  Os pintassilgos entoavam uma melodia que me ajudou a encarar o dia com mais serenidade e  encanto.  Olhei para este meu horizonte que se estende num infinito lonquinquo que parece estar ali para ser sempre contemplado e amado.
       Que Douro sublime excelso de ser pintado por expressionistas e cantado em versos pelos nossos poetas que não deixam de o servir e o idolatrar.  Desde menino que eu ganhei uma consciência duriense que nem com a morte ninguém ma irá roubar.  Não me canso de tentar perceber o xisto em harmonia,  complexo e eternizado com estes lindos muros que parecem até nem serem feitos por pedreiros terrenos mas sim por anjos do bom Deus que por aqui quis passar.
Casebres abandonados e fornos de secar os figos continuam na paisagem duriense vivos e ao mesmo tempo parecem sepultados para sempre no cemitério dum rio  Douro que se embala num Rabelo de outrora.
        As videiras imponentes parecem ressuscitar todos os anos pela altura da Páscoa.  Que beleza sentir e amar um Deus vivo que  bebeu o vinho para nos mostrar seu amor e assim dignificar todos aqueles que se dedicam a tão nobre tarefa. Toda a vegetação duriense exala perfume,  permitindo ao homem encontrar aqui um paraíso terreno e ao mesmo tempo um purgatório disperso nos patamares onde vinhas, oliveiras, amendoeiras, figueiras, laranjeiras,  sobreiros, torgas e giestas coabitam.
  Quem fala do Douro sublime não pode deixar de olhar para os rostos de suas gentes. Parece até que  não sabem amar mais nada, nem mais nada fazer. ...
Um saber acumulado de gerações é um legado de arte de bem-fazer vinho aliado a novas técnicas utilizadas por enólogos sedentos de fazerem dos vinhos do Douro os melhores do mundo.
        O Douro corre sem correrias. É meigo com seu leito. As vinhas bebem suavemente de suas águas doces.  Nós que aprendemos com o brilho do pôr-do-sol, que parece um verniz de esmalte que conforta crentes e não crentes.
O Douro que é de oiro está de deleite, de quarentena para nos ajudar a viver e a estar sempre perto da margem para embarcar na barca dum destino já traçado.
Victor Marques
Douro , sublime
Re
A caída do tempo esmera-se no cuidado
Sonho que em câmara lenta a minha alma não se magoa
e a mágoa não se torna superior à vontade de viver
Por fim, desisto
Não acredito mais nas palavras que digo
Não tenho já certeza se vivo a sonhar
Ou se simplesmente gosto de me arrastar por entre a multidão
A sorrir, a mentir
Disseram-me um dia que partiria, sim
Mas que sozinha não iria a nenhures
Verdade
Tenho uma constante obsessão amarrada à perna
E cada passo que dou sinto a tonelada desse vazio
E os dois metro que ando entre o chão e o chão
São quilómetros na vida real
Que irreal 'e
Sinto a pedras na descida, mas não me magoam
São menos duras que a armadura que me venderam
E pregada esta já ao corpo está
Nada sinto
Nada quero sentir
Apenas jazo no poder do iniquo
Que diz-se Mundo
Que digo Inferno
O amor que tenho por vos faz-me ir devagar
Mas a raiva que sinto do estrume que sois
Apressa-me na descida
Sinto que equivocada estou com o Mundo que não me quer
E sei que ao rápido descer, rápido vou saber
Onde o futuro me leva
Me carrega
O medo que tenho de me trazer ao inicio do Tempo 'e muito
Mas o pavor de so nascer uma vez corroí-me os tímpanos.
Partem todos os que amo e vejo-os ao longe
Imagino se perto estivessem
Não conseguiria respirar o pouco ar que tenho
E se choro e agonizo
'e por este amor que me queria grande e forte
Mas que fraca me pôs no chão
Não julgarei ninguém ao querer cair
A paisagem 'e bonita e ao longe desfocada fica
Sentimos a analgesia de não se ser ninguém
Vem devagar, não me apresses o timbre
Afinal acredito em mim, acho que sempre acreditei
Apenas estava apagada na tua sombra
Que em cativeiro me deixava a alma
Amei-te como o Amor sente
Amo-te como a dor ama
E embora me empurres para baixo da ribanceira
Sorrio e minto
Para te ver feliz em cima da minha cabeça
Como sempre estiveste
Como sempre te deixei estar.
Lugar cativo
Onde me deito cativante
E abro a gargante e choro.
Nao darei mais o Tempo
Nem reconciliarei menos o perdao.
Somos os dias contados pelos dedos
E quanto menos tenho menos quero ter.
Frio com febre estou
Doente dos ossos, raspando-os
Ate ao po se extinguirem
e absorvo-os pela narina mais próxima
Directo ao cérebro que me permiti vender
Indirecto ao coração que morto 'e aos poucos.
Faca de dois gumes afiada na pedra
E enrolada no peito cada dia mais,
Milimetro a Milimetro
Para que a dor seja minuciosamente
Mental.
Fatal.
E da paisagem verdejante
Onde passeio as pernas pesadas
Do chumbo das balas perdidas,
Com que te matei,
Absorvo o bicho por entre o jardim
E a natureza para mim nao 'e mais
Que o conteúdo do bolo que cozinhei
Para esquecê-lo.
Cativo ligar
Que permaneço cativa
Húmido que me constipa os dentes
Como a agua gelada com que tomo banho
E nem assim acordo.
Não sei se esta Dor caberá
nas milhares de palavras que defecarei
Ate este dia tardar
E a minha vida por fim, acabar.
Não 'e de minha dor que escrevo,
'e a tua que me percorre este sangue anémico.
Consideras-te feliz que nem um porco
Que na lama chafurda a couraça.
E eu com esta dor de costas do peso
De trazer o Mundo nos bolsos
E por cada morte que deus padece
Um sopro no coração me oferece.
Dor, dor, dor, dor, dor, dor
Qual Jesus Cristo, o redentor.
Victor Marques Jun 2011
O Deus do Amor dá-te abrigo

A manhã começa com todo o sentido,
Durmo na noite do sonho vivido.
A cama com segredo inibido,
Deus do amor dá-te abrigo.

Os olhos com liberdade,
Aviões nos céus,
Paisagem sem ter idade,
Deus com brancos véus.

A manhã rejuvenescida,
Orvalho tão terno,
O céu e o inferno,
Deus da vida.

Sentir pluralidade,
Acreditar na verdade,
Manhã que desperta,
Deus pela certa.

Victor Marques
deus, amor
Victor Marques Oct 2012
A minha descendência

A tua juventude que tiveste,
A minha força já veio de ti,
O teu olhar que em mim ficou,
Amor do pai e daquilo que sou.

As videiras tuas e de meus avós,
Vinhos de todos nós,
Oliveiras pacificas e queridas,
Uvas maduras apetecidas.

Paisagem que mata tua saudade,
A morte e a vida se beijam.
O Deus infinito nos precedeu,
Amor eterno do vinho que ainda é teu.

Victor  Marques
Como um quadro pintado em abstrato,
Assim descrevo a paisagem que hoje piso,
Não tenho duvidas, nem temo as certezas,
O melhor do caminho, guardo eu comigo!

Secretamente, abriu-se a porta, pelas mãos suaves,
De um corpo penetrante, dirigido pelo olhar amarrado,
Nas pernas se sentiu o gosto, de um paço apressado,
Rumando certeiramente, a favor daquilo que amava!

Nunca, nunca deixou de ser teu, apenas temeu,
Temeu não ser para ti e se fez homem quando te viu,
Viu-te sorrir profundamente, na primeira vez que chegas-te,
Percebendo logo, que chegou também o amor que procura-te!

E assim que pedras tenha o mar,
Que muita chuva mesmo, caia do ar,
Que os raios de trovão, ecoem pelos céus,
E os terramotos, abalem toda a terra!

Mas nunca mais eu quero ver-te distante,
Chamar-te e não me ouvires,
Sorrir e não poder, ser por ti!
Se pude amar-te, que agora, seja sempre!

Autor: António Benigno
Para ti Liliana Patrícia.
Código de autor: 2013.07.20.02.06
Cláudio Costa Nov 2015
poeira, estrela
Disperso-me no lençol infinito
Vendo-as pintadas numa tela
De tamanho não restrito.

Nébula, lua
Anos-luz de distância
compõem a verdade
nua,
crua,
da nossa insignificância.

Mergulho na paisagem estelar
No cosmos mais profundo
Não sei se hei de abandonar
Mas nada pode justificar
Que permaneça neste mundo
sem o teu abrigo
E vai para além de mim
Tudo aquilo que persigo
Mas ainda assim,
Diz que sim,
vem até ao fim
Subo já o teu varandim
E levo-te comigo.
Marco Raimondi Feb 2018
Em gracioso sonho, a neblina calada e fria
Recobre o sol, cujo brilho ilumina a solidão
Por vezes, a desatar na paisagem luzidia,
O que brevemente, tudo se verá como ilusão,

Dúvida, que flore devaneios e à realidade esguia,
Ludibria mil consciências em tua tátil escuridão
Para ao remate, subtrair os desejos à sorte fugidia,
E teu manto encher-te dos homens a servidão

Destino, dúvida, hediondo engano;
Que natureza sorri e cisma perdida,
Ao teu feitio de lástima precedida?

Qual força além do fraco humano,
Cuja força estaca à eternidade concedida,
Fará minha mente, neste sonho, esculpida?
A névoa e a neblina escura
se misturam com a fuligem
a chama se extinguiu e
a fumaça carbônica adentra
as narinas daqueles que sofrem
chove nos olhos desses que
não entendem porque choram
talvez seja a irritação da fumaça
talvez seja a tristeza mais que profunda
Seria novamente o inferno que
ganhou uma nova paisagem desolada?
Outrora um pântano nojento e repugnante
Agora uma caverna vulcânica de enxofre e brumas
de veneno e morte
Voltei ao inferno e cá
estou perdido novamente
Os gritos nunca estiveram tão desesperados
A dor nunca se tornou tão angustiante
Arrepio toda a espinha
meu coração está estrangulado
minha voz está muda enquanto
meu grito interno é desolador
é tão tórrido que estou embriagado
é tão tórrido que estou congelando
e é tão tão frio que minha pele se queima
arranco com as unhas a minha própria
carne até encontrar meus ossos quebrados
estou quebrado, completamente quebrado
estou destruído e ainda
assim continuo a caminhar
Eu mesmo proclamo a minha profecia
Eu mesmo sabia o que estaria por vir
E esse sorriso triste-alegre carrega
o futuro que está chegando
Talvez banhar-me no Lethe não seja
o fim do mundo
Talvez esquecer-me de tudo
seja renascer como a fênix
a dádiva do Elísio
Por hora mergulho no profundo
da minha inconsciência
Por hora declamo para o mundo
Por hora me perco
Por hora me encontro

Por hora...
Gil Cardoso Feb 2019
Odeio ver o fim da estrada
Fixo apenas esse ponto
Não vejo nada
É ainda não estou pronto

Olho para a paisagem
Finjo-me distraído
Admiro das aves a plumagem
Dos grilos o ruído

Mas vivo no futuro
Sempre no futuro
Já sabe a podre
O fruto maduro

Sofro com o que ainda não aconteceu
E mesmo o que nunca acontecerá
Quando acontece já não é meu
E quando não, penso no que virá

Então aparece outra estrada
Mas a mesma dor em mim
Mudou a morada
Mas fixo o mesmo fim
Escrito: 28/05/2018

— The End —