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Olho p'la janela e vejo que o dia nasceu belo;
Toda a atmosfera irradia uma tonalidade magenta -
O Outono já não tarda a chegar.
Há alguma paz nisso, mas não tanta que dure.
Dói-me ser.

Pudesse eu aprender a abraçar as sensações imensas,
Em vez de me afundar nelas, sem ar que respirar;
Pudesse eu seguir os ensinamentos de Álvaro de Campos
E fazer do sentir uma viagem infinda,
Um caminho ascendente em direção a Deus.

Pudesse eu sentir como sinto,
Como sinto tudo -
Deste modo exagerado que tenho de sentir tudo -
Sem deixar qualquer sensação tornar-se numa angústia profunda.
Soubesse eu olhar as flores
E amá-las como amo enquanto as olho
Sem que se me partisse irreparavelmente o coração
Quando não as pudesse olhar mais.

Dói-me ser
Quando parece que tudo o que sou
É esta enchente de sensações que não sei sentir devidamente.
Quando tudo o que sou é algo que poderia jurar não ser realmente eu.
Mas como posso não ser eu se são minhas as mãos que escrevem estes versos e
Meus os olhos que se quase desmancham por ter que os escrever e
Meu o coração - esta penosa maldição que carrego no peito -
Que bate furioso por não o saber ter?

Pensado em mim,
Não me imaginaria ser como sou;
Pensando em mim,
Não sei se me imaginaria de algum modo concreto mas,
Pensado em mim,
O que sou é uma mentira mal contada.

E, se o que sou é uma mentira, ser deveria ser um vazio gigante.
Mas o que sinto ser é tudo menos um vazio gigante.
O que sinto ser é um transbordar de Ser e
Como, tenho já dito anteriormente, uma contradição imensa em si.

Dói-me ser se o que sou é sentir.
Dói-me sentir e dói-me sentir que o que sou é uma construção incompleta.
Dói-me isto, tudo isto que me foi imposto como um dever -
A personalidade, o pensar, o Ser...
Dói.
Dói.
Dói....
Victor Marques May 2014
A palavra amor é mágica e exala perfume em todas as suas vertentes. O amor não pode servir de veículo para conseguir aquilo que se pode fazer ou através dele obter. ?
O amor que vivemos neste mundo é sermos felizes e fazer os outros também. Existem amores que se complementam, que unem raças, religiões, pessoas, e que acima de tudo prevalecem mesmo depois da morte.
    Um amor sem contrapartidas, sem limites, sem contratos que parecem ofuscar a leveza do amor. Existem amores nobres, solidários, palpáveis, celestiais,  universais que nos faz pensar, sempre sentir o verdadeiro significado do amor.  Existem tantos acontecimentos na nossa sociedade em que o ser humano procura desmesuradamente um trabalho fácil, um abraço, um obrigado, um amor amigo. O ser humano se abandona por vezes ao capricho de ser amado, bajulado sem no entanto,  se aperceber que o amor é algo muito bem mais importante, grandioso aos olhos de todos aqueles que se dedicam com pureza aos outros seres.
    Por vezes nada podemos fazer para conseguir amar quem queremos amar...
Demos voltas e voltas e procuramos amigos, amor em tantos deleites que o mundo nos oferece materialmente. Deixámos o amor espiritual num patamar nunca lembrado. As crianças têm uma grande predisposição para dar um beijo,  um salto, um abraço,  um sorriso, para dar amor de uma forma livre,  linda e gratuita. Elas são puras, sinceras, choram , riem, prostestam e amam descaradamente tudo o que as rodeia.  Vêem nos animais ternura, carinho, e porque não amor....
    Existem algumas pessoas que não deixam entrar nelas o verdadeiro significado da palavra amor. Existem tantos acontecimentos na nossa vida em que o amor se manifesta de uma forma muito simples e familiar: casamento, baptizado, comunhão, morte ...
    Amor parece existir desde sempre. Quantas noites na vida do ser humano parece que tudo se perdeu!
Até o próprio amor se consome, se esvazia como um balão de ar que rebenta com uma alfinetada. O amor é uma arte de se comprometer com tudo o que existe, com o universo preciso, e respeitar as leis sublimes de um Deus Criador?
     Tantos seres humanos que parecendo insignificantes tem tanto amor para dar, para partilhar.  Nascemos e nem sequer sabemos se foi por amor ou por um desejo egoísta da busca de simples prazer....
O amor deveria ser um elevar da alma,  uma força poderosa de tudo conciliar e amar.

Com amor

Victor Marques
Amor, palavra, vida, seres
Victor Marques Apr 2013
As areias e o mar

As tuas caricias me fazem penar,
Noite e serões de embalar,
Violinos que tocam afinados,
Sonhos acordados…

Pele como a seda fina,
Cara de sempre menina.
Cedro no ermo sobranceiro,
Areias de um mar solteiro.

Tuas confissões sentidas,
Areias do mar movidas,
Noites mal dormidas,
Areias queridas.

O mar nos envolveu,
A lua se transcendeu,
Areias finas para nelas caminhar,
Portas abertas de um só olhar…

Victor Marques
e.
ouço Bach da janela do CD
que é capa e
ouço
a caixa ou cortina e porta

aberto:
meus ouvidos enxergam uma nota
que palavra não rouba
ou decalca.
e tem meta.
e alcanço o avesso,
retalhos. retalhos.

ouço orações
nelas,
1.000 datas se repetem
em espera.
e ouço Bach.
trata-se, enfim, de um eu-lirico – espero – confuso no momento do seu êxtase místico, ao ouvir Johan Sebastian Bach. as alusões numéricas são referencia a uma tradição oriental que diz ser preciso junto à pessoa amada, ter rezado 1.000 vezes, para então e só assim, haver certeza do amor para ambos. no entanto, ao colocar no Poema, 1.000 anos de espera – em datas – saliento, sobretudo, a multiplicação – potencializarão, portanto – daquela oração e[ daquele êxtase do início da confusão que o poema evoca. o poema está presente num Livro inédito e na gaveta. ou melhor, dizendo, numa pasta, do meu computador.

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muitos erros de edição, aqui, graças à limitação do hello poetry
Sofia Reis Nov 2014
Vou vagueando de rua em rua
Observando rostos desconhecidos
E vazios

Tenho a certeza que nunca andei por estas vielas
Mas algo nelas é tão familiar,
Tão meu

Sento-me num banco escondido
Pouco iluminado
E penso em ti

Tu que me persegues para onde quer que vá.
Fujo, corro para longe e por mais longe que esteja
Perguntam-me: Em que estás a pensar?

E eu como sempre respondo:
Em nada.

Porque tu és para mim
O Nada do Mundo
I'm a portuguese girl so sometimes I write in portuguese otheres in english
goldenhair Apr 2014
Eu não quero escrever sobre você. Mas eu esqueci que nunca consegui ficar brava contigo, e sempre que tentava, você me fazia rir de uma forma ou outra. Achei que te conhecia de todos os ângulos, cantos, promessas e toques. Corria os dedos pelas falhas da sua barba e ia te desenhando, traçando um mapa pra uma ilha desconhecida em que eu mergulhava e explorava até descobrir suas armadilhas. E quando eu caia nelas e ficava presa, adormecia e nos meus sonhos você vinha me salvar. Mas se fosse pra me salvar, nunca me levaria até lá. Mas eu não quero. Não quero trocar os prazeres que tive contigo, mesmo que me dê raiva. E saudade. Eu não quero ter raiva nem saudade. E não quero escrever mais sobre você.
Os teus olhos tristes
são anjos que choram.
Paredes rasgadas e eu
sem estrada para percorrer.
São setas em fogo. E eu ardo nelas.
Arde em mim o olhar que quero
rasgado num sorriso.
Mariana Seabra Mar 2022
Sou uma criança apaixonada!...

E tu bem sabes que sou uma criança apaixonada!...

Mas isolo-me, confortavelmente, na esfera do casulo.

Pronta a renascer,

Mas ainda enganada…



Sinto um amor!...

Que de tanto ser infantil,  

Chega a ser puro!



(E talvez o deixemos assim, meu amor.)



Talvez nos encontremos apenas no ar.

Como dois passarinhos feridos,

Ainda ingenuamente atrapalhados,

Pelas asas que os guiam.



Apenas cruzando estas simples energias,

Em cada nuvem batente daquele tal céu ardente.

E onde nelas escalarei…

Até ao cimo do teu próprio inferno.

Onde nele, ainda te manténs refém.



Amarte-ei pela literatura,

Como tu tão bem me sabes amar…



                                 (E quanto do nosso amor,  

                                 Será também feito poesia?)



Sou uma criança apaixonada!...

E tu bem sabes que sou uma criança apaixonada!...

E agora, pronta a renascer,

Bato, suavemente, as minhas asas…





Sinto um vento!...

Alegremente, espreito fora do casulo!...




E a brisa que corre e me leva,  

Carrega em cada batida,  

Só para mim,

A sustentável leveza do amor.



(E talvez o deixemos assim, meu amor.)



Talvez nos encontremos apenas no fogo.

Como duas belas fénixes,

Usando as suas próprias cinzas,

Para pintar a mais bela das telas.




Apenas cruzando os nossos caminhos,

Em cada folha queimada que paira

Sobre os nossos tristes olhares.

E onde nelas escalarei…

Até ao cimo do nosso paraíso distante,

Onde nele ainda me mantenho refém.



Amarte-ei pelo silêncio,

Como tu tão bem me sabes amar…



                                  (E quanto do nosso amor,

                                  Será também feito poesia?)



Sou uma criança apaixonada!...

E tu bem sabes que sou uma criança apaixonada!...

E aquelas frágeis asas que me bateram,

Criaram em mim uma bela metamorfose.

Onde na beleza do simples ser,

Encontramo-nos e fomos voando.  



                                 (E quanto do nosso amor,

                                 Será também feito poesia?)



                       (Cada bater de asas da borboleta o dirá…)
Mariana Seabra Mar 2022
Apanhei um vírus.

O seu nome é fácil de dizer

Para meu espanto!

mas não o quero pronunciar.



Talvez sejas um vírus.

Um pequeno ser que,

Quando encontrou este hospedeiro,

Reproduziu milhares de cópias idênticas

Que se alastraram rapidamente

Pelo meu corpo inteiro.



Calma, não te deites tanto abaixo!

Nem todos os vírus nos deixam doentes.



É engraçado,

Irónico talvez,

Como alguns vírus

Nos protegem da própria doença.



É engraçado,

Irónico talvez,

Como todas as vacinas

Contem nelas o próprio vírus

Do qual te tentas defender.





É engraçado,

Irónico talvez,

Como nem tudo o que soa mau

O chega realmente a ser.
Mariana Seabra Mar 2022
Se tudo é uma questão de perspetiva,

Perspetivo o amor num poço imaginário.

As saídas são ilimitadas.

A prisão está na mente.

E eu, constante prisioneira do pensamento…

Mergulho nele.

A água é escura, violenta e sussurra-me ao ouvido…

Mas dentro dele o medo de cair não existe.

A queda parece inevitável.  

Inevitavelmente atraente.





Calma, meu amor, não caí.  

Voei.

Voei no caos que é o amor.  

Deu-me asas imaginárias que me salvaram…





E aquele poço imaginário,  

Que afinal sempre foi um oceano de utopias.

Pois nunca foi necessário encontrar as saídas.  

A liberdade está no sentir intenso da alma.

Mergulho novamente.

E as ondas, caoticamente, sussurram-me ao ouvido…

Mas nelas o medo de me afogar não existe.

O sufoco parece inevitável.  

Inevitavelmente atraente.

Calma, meu amor, não me afoguei.  

Transcendi.



(Transcendi em ti pois aquelas asas que me salvaram, não eram mais do que as tuas mãos nas minhas…)

— The End —