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Se da água limpa dos rios
o poeta alcança - incólume
as fontes d'água viva...
Oh, claro lume: dela bebe.
Sedento à sanga clara colhe
a água c'o as mãos.

Na vertente rara, sequioso
estro não se abaixa,
à flor d'água, feito cão,
lambendo a lótus n'água.

É de Gideão soldado
entre os trezentos.
O que não lambe a água
O que usa as mãos.
Bebe e proclama:
- Eis a água!

Água da chuva sempre exata.
Água da fonte sempre basta.
Água que a todo fogo apaga,
Limpa água que a sede mata.
Pensando nos lugares em que estive,
Física e espiritualmente,
Os tormentos de agora apresentam-se desmedidos
Porque dói tanto isto que nem dói sequer?
Que me não causa, isto,
Miséria ou infelicidade, isto,
Que embora a boca, amedrontada,
O não tenha dito
Era precisamente o que desejava para mim?
É certo, não assim…
Ah, cheguei a ousar dizê-lo!
Em confidência à minha mãe,
Sorrateiramente por versos escondidos.
Isto que eu queria!

É certo, não assim.
Não mordendo o fruto
Que me deste, oculto pela mão,
Sobre os meus protestos gritados,
À boca a provar; e, embora eu o cheirasse,
Podre, juravas pelo amor ser são!
O sabor, por não ser desesperante,
Faz-se aditivo; logo estou eu trepando a árvore
Sedenta de o devorar.

Escorrendo-te pelo queixo,
Sumo de laranjas meladas;
A língua que to limpa não é a tua.
Fixo a dor e tombo nela
Como Narciso sobre si.
Juliet R Feb 2015
A melancolia do ser adormece a intenção de ressuscitar o movimento que nos mantém acordados.
Pertenço à lua com a mente e alma e com os pés à terra.
Não deixo que esta sensação de dormência me levite para outra dimensão, já que para lá vou a toda a hora.
Sinto-me presa a outro universo, sinto-me longe de onde estou.
Estou onde não devia de estar, distância permanente dirigida como um obstáculo intermitente.
Lanço à água a mágoa que aprisiona o coração. A alma quer ir atrás. Relembro-lhe que é a alma, juntamente com a mente, que me faz pertencer à lua. Sem ela não sou nada. Mesmo que escura ou a brilhar, eu não sou nada. A alma faz de mim um todo e com ela sinto-me viva.
O que somos nós sem a nossa essência?
Um vazio gigantesco. Somos um nada desprovido do todo.
Sempre que perder os pedaços do meu espírito em alma, perco pedaços de mim. Mesmo que esta já não seja pura, clara, límpida. Mesmo que já tenha habitado nela a escuridão, a obscuridade, a negridão, o abismo dos meus medos e receios. Sem ela sou um nada.
Purifico a alma. Com o que? Com amor. Amor por tudo o que amo e por todos os que me amam. Sentir-me de coração cheio limpa o *****. Ou pelo menos, ajuda.
De energia clarificada, deixo de novo a mente e a alma na lua e assento os pés na terra.

— The End —