Submit your work, meet writers and drop the ads. Become a member
Mistico Mar 4
Pensamentos em turbilhão, desejo de amparo,
Mas o justo é vilipendiado, o nobre, raro.
Palavras rudes são luzes em falsas vitórias,
Enquanto o zelo se perde em memórias.

Quisera eu largar-me dessa insana missão,
De abraçar um mundo que jaz na ilusão.
Proteger o que é vão, sem merecer,
Mas por laços atados, deixei-me envolver.

Anseio o silêncio, a paz, o vazio,
Ser sombra esquecida ao sopro do frio.
Nenhuma palavra, nenhum olhar,
Apenas existir, sem precisar falar.

Por um dia, talvez dois, ou um breve instante,
Que o mundo se esqueça, que tudo se afaste.
Ser visto apenas por quem vale o momento,
Enquanto o vento leva palavras ao tempo.

E se acaso alguém, num canto perdido,
Sentir o que sinto, num eco contido,
Saiba que a dor de querer se ausentar
É, por vezes, apenas o desejo de paz encontrar.
Na era da peste,
vemos de longe a afeição:
há um momento de reflexão,
seguida da dor deste *****.

Na era da febre,
Há reticências no contacto;
Um acto de amor e rejeição,
Unido e breve.

Na era do surto
o toque é curto,
e fica um vazio,
com dor e frio.

Na era da pestilência,
uma camada encima
da reticência já existente.
E tudo se ressente.

Na era do flagelo,
é a escolha entre
risco e zelo.
E assim congelo,
com medo.
2020, Inconsequências: Poemas & Fotografias

— The End —