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Me vi parada, sem conseguir andar
Encalhada em um momento do tempo em que não conseguia, mesmo que tentasse, prosseguir ou retornar.
Parei.
Não por escolha, não por desejo
Eu precisei parar
Aquele momento em que voce está meio perdido,
Meio lá meio cá
E praticamente pela primeira vez sem interferencia, voce pode observar sua vida como um todo
O que foi aquilo?
O que e por que havia feito?
Quem eram aqueles?
Por que não estão aqui?
O que será daqui para frente?
Continuaremos juntos?
Perderemos tudo?
E nessa chatice de pensamentos percebemos que talvez nem tudo seja discutível
Mas tudo podendo, com a possibilidade de ser vivido
Se tornar inesquecível
idk
Rui Serra May 2014
Nada tenho a perder
Os amigos já partiram
Ritual
Penso em solidão, na tristeza
Mas um sonho continua vivo
Tento prosseguir nesta terra
Já sem dono
Agora na estrada, percebo
Os homens - seres incorrectos
Neste jogo, onde se perde e se ganha
Estão as almas
e as vidas por um fio
Talvez hoje, talvez mais tarde
TU
Irás descobrir, o que ainda tens a fazer
Não te preocupes, continua.
Barco Rabelo à Deriva



Um barco rabelo à deriva,
sem rosto, sem leme, sem voz.
Carrega no ventre o silêncio dos homens
que foram pais e avós.

Foi rio acima com sonhos de vinho,
volta vazio, ausente,
como se o Douro chorasse sozinho
hoje, amanhã e sempre.

No espelho do Douro, sem norte nem cais,
leva no casco feridas antigas
e no silêncio, vozes
que não voltam mais.

Não tem vela, não tem rumo,
não carrega mais o vinho dos deuses,
mas ainda flutua,
feito fantasma de um tempo
que tudo leva com o vento.

Era nele que os homens desciam o rio,
com o coração nas ondas e, por vezes, frio,
o suor preso às amarras da encosta…
Vinham da montanha com o amor
de quem do rio sempre gosta.

Agora, o barco vai só,
como uma rena sem trenó,
vendido em copos que não sabem a chão,
nem sentem compaixão .
Como os velhos que ficaram nas aldeias
a ouvir o uivar das alcateias.

Ninguém ouve esse barco rabelo a deslizar,
ninguém lhe pergunta onde vai parar.
Foi nas suas tábuas cheias de podridão,
foi na sua sombra que se rezou pelo pão,
foi com ele que se ensinaram os filhos
a amar  sem explicação.

Mesmo sem leme,
carrega a alma duriense,
que ama e sente...
Carrega promessas por cumprir,
carrega o abraço do pesar e do sentir
e, sem rumo, vai prosseguir.
Barco Rabelo amor Douro

— The End —