Submit your work, meet writers and drop the ads. Become a member
Victor Marques Oct 2010
A treze de Maio

A fé de milhares de peregrinos,
Oram ao Deus menino.
O aroma das rosas, flores benditas,
Deus nos honra com suas visitas.

Em prece suplicante,
Passam nos locais sagrados,
O caminho nunca é fatigante,
Quando os passos são compassados.

Cânticos suaves, hinos de amor,
Todos em seu redor,
Virgem Maria, nossa Mãe!
Teu regaço é feito de bem.

A treze de Maio apareceu um dia,
Vistosa, brilhante nossa Mãe Maria.
As giestas já estavam floridas,
Francisco e Lúcia colhiam as preferidas.

Victor Marques
Samir Koosah Aug 2018
A noite chega, soturna, calada. Os remédios parecem não fazer efeito. Sozinho novamente com meus pensamentos, embalado pelo som do ventilador e das batidas do meu coração.
Nao sei porque ele insiste em bater, parece um esforço inútil.
As horas passam lentamente, como nos movimentos de uma duna. A areia do tempo descendo vagarosamente pela ampulheta. Se ao menos pudesse ver. Me sinto cego, queria eu estar cego?
Minha decepção só não é maior que a decepção que causei.
Não há lugar aqui senão neste papel para a dor, uma fraqueza que todos tentam esconder - por questão de sobrevivência provavelmente. Os amigos poucos que me restam seguem suas vidas enquanto tento ser feliz, ao menos por eles.
Saudade aqui toma outras formas, como uma tortura ao melhor estilo Stanley
Kubrick em “Laranja Mecânica”, em que as imagens passam repetidamente por minha cabeça sem que eu possa fazer absolutamente nada.
Família, amigos, amores, à distância de uma chamada, uma chamada. Para quem ligar, como?
O cárcere em sua pior faceta, o isolamento social. Conto nos dedos de uma mão as pessoas com quem consigo manter uma conversa. Mesmo assim nao consigo conversar, a cabeça e o coracao nao estao aqui, eles fugiram, estão lá fora, espero que a minha espera.
Outro cigarro, mais um café. Quantos mais, quantas mais palavras? A caneta e o papel são meus melhores amigos, às vezes até me entendem. Monólogos em horas, diálogos em outras.
Me pergunto qual seria o limite entre a sanidade e a demência aqui. Se é que existe um, estou eu ficando são ou louco?
Nao era quando cheguei, provavelmente foi o que me trouxe aqui, agora só me resta um caminho a seguir e tenho que achá-lo sozinho.
Não tenho arrependimentos, aqui não há lugar para eles, há agora um só caminho a seguir, em frente! Adiante!
Dizer que tenho saudades tuas, agora
é uma espécie de mentira coberta com um pano de linho
Tenho somente saudades do que era antes de Ti
E isso é a cruz que carrego
Vincada e afiada que se pôs as minhas costas
E se me mexo me corta em dois
Como carne fina do talho gourmet
Comparação inadequada, eu sei
Mas a única que penso agora, que sou estreita.
Por vezes olho para o relógio, e já nem contando as horas
Reparo nas datas, extensas
Dou por mim a ver um mês
E no momento a seguir, o olho
E vejo dois meses, a correr
Pergunto-me se estou louca ou simplesmente
Exausta
O tempo deixa de ter nexo e o Mundo fica pequeno
Os dias passam como se não tivessem vida
E em vez de correr, existo
Durmo ao Luar e ao Sol
Como se tudo se tratasse do mesmo
Do sonho
Do sono
Explicar-te porque sinto saudades tuas, agora
é uma espécie de firmamento do caminho insano que percorro
Tenho somente saudades do Tempo que parava
Quando nos teus braços respirava
Sossegava
E agora não tenho sangue suficiente para estancar a ferida
Dura, profunda, dolorosa
Como os pés que piso
Que não são meus.
Victor Marques May 2011
O amor de Pai

Na minha mente nobre e cansada,
Te vejo com carinho e abrigo,
Os anjos passam sem prévio aviso,
Caminhas pelas vinhas no paraíso.


A tua preocupação doentia,
O teu labor te bendizia.
Janela sempre aberta,
Teu amor me desperta.


Horizonte duriense que padece,
O teu amor vive e não se esquece.
O xisto continua inerte e não esmorece,
Teu amor é uma como uma prece.

Victor Marques

11/11/2005
Victor Marques Oct 2012
Lembro meu Pai António Alexandre Marques

Na vida de todos nós,
Temos pais e avós.
Os dias passam sem despedida,
Amo meu pai toda a vida.

As videiras são teu paraíso,
Uvas do lagar se pisam sem aviso.
Vida por vezes sorridente,
Se ganha e perde num instante.

Foste podador da boa colheita,
Vinho que com Deus se deita.
As folhas das videiras avermelhadas, verdes e amarelas,
São teus anjos, tuas sentinelas.

Deus também amou o vinho,
Pois Cristo Sofreu sozinho.
As tuas memórias são sonhos lindos bem meus,
Amor eterno de filhos teus.

Victor Marques
É vento ou chuva, ou pequeno contratempo,
Vêm o sol e brilha o céu, de me ouvir falar,
As chamas se apagaram, num contratempo,
A vontade de ver brilhar há, e não vai acabar!

Os dias cinzentos não fizeram algum sentido,
As pessoas pelos tempos afirmam vontades,
Eu pinto o quadro de sangues e lealdades,
Aqueceu-se o dia e para nós, céu bandido!

Leva-nos as queridas saudades, sente o carinho,
Destes seres de alma vadia e despreocupados,
Nossas mentes não são seres assim, calçados,
Têm asas que voam, esse é o nosso caminho!

As angustias e tristezas, são certezas de alegria,
Percebe-se e sente-se que momento, é fantasia,
Aguas que passam, desentopem nossa artéria,
A matéria-prima, decide por ficar doce e sadia!

Sai-lhe das cores, nodoas incolores, não existiram,
Sente-se na camisa estampada do soor do teu amaço,
Mancha uniforme, redonda, penetrante que a queiram,
Corações em sopros sufocantes, que deram este laço!

Transpirações, pelo encontro de meus sonhos antigos,
Vi-te de longe e apreciei tão de perto, a cor desse rosto!

Autor: António Benigno
Código de autor: 2013.04.24.02.09
Anonymous Poet May 2017
Poema de: Anonymous Poet

Durante a nossa vida
Conhecemos pessoas que vêm e que ficam,
Outras que vêm e passam.
Existem aquelas que,
Vêm, ficam e depois de algum tempo vão se.
Mas existem aquelas que vêm e vão se com uma enorme vontade de ficar...
Poema de Anonymous Poet
Rui Serra Jan 2014
Sem ti os dias são longos, passam longos e um vazio permanece em mim.
Sinto a tua falta, o teu amor, o teu carinho.
Uma tristeza imensa invade a minha alma e dilacera o meu peito.
Vem preencher este vazio com o teu nome, tu que estás perto e longe de mim.
Deixa-me sentir esta nossa doce amizade até ao perecer das eras.
Sinto o sangue fervilhar como que envenenado na espera constante do teu ser.
Mas, sinto agora a tua mão e nada mais está perdido.
Sinto agora a tua mão em meu auxílio, para me tirares desta fria desilusão.
E por mais vazia que seja esta distância, sei que sempre seguras-te a minha mão.
No meu peito habita agora uma doce esperança, e sei que um dia vou poder olhar nos teus olhos e dizer-te:
AMO-TE MÃE!
Anna Bianchi Dec 2016
Você me deu tantos sustos
Que agora a realidade parece confusa
E eu não sei o que sentir
É uma angústia, um novelo de lã que usavas para tricotar minhas toucas
Enforcando meu peito.

Teu amor me aquece nesse inverno tão gelado
E a única promessa que te garanto é de sempre levar meus casacos
Pois sei que deu que fará frio na televisão.
A lembrança do teu toque e cheiro são tão vividos
Será que irão embora contigo com o tempo?
Ou ao menos isso deixarás para mim?

Tem um potinho do teu molho de macarrão no congelador
E tantas fotos suas com um grande sorriso nos álbuns lá da sala de casa
Não consigo acabar esse poema
As forças que tinha usei tentando colocar o pé fora de casa
Acabaram nos meus olhos vislumbrando a janela.
Vi um mundo vivendo
Pessoas passando igual a antes
Seguindo em frente
E ninguém está de preto. Ninguém chora. Ninguém sente o que eu sinto.
Porque não te conheceram
Aí dessas pessoas infelizes
Que não provaram do teu carinho
Do teu amor
Aí dessas pessoas infelizes que vivem e passam
Enquanto eu não aguento viver nesse mundo sem você.

As lágrimas me consomem
E eu nem tenho mais lágrimas para chorar.
Juliet R Jun 2014
Bebe os  segredos proibídos dos meus lábios
Como se de uma confissão se tratasse
Arruína-me esta vontade inquieta
Destrói-me este desejo de ser livre
E concretiza a vontade de pertencer
Perdoa-me qualquer avanço suave e brusco
Não tenciono deixar-te ir no sentido contrário
Sorri cada vez que este vermelho surge no meu rosto
É a consequência deste sentimento que me provocas
Tu fazes para me relembrar quão bom é ter-te aqui
Porque apesar de os sonhos que me inquetam durante a noite
Serem os mais puros desejos concretizados fantasiosamente
Não passam disso, fantasias inconcretizadas
Há espera de serem materializadas
Exigo levemente mas afintadamente que não partirás sem mim
Ajuda esta mente inquieta a suavizar estes incontrolos
Completamente ansiosos cansados de ansiar por mais
Incontrolos inteiramente controlados pelo consciente
Com o inconsciente gritando para se descontrolarem
In portuguese. Inspiration of the day.
Um broto de rosa
Jovens que se esbarram no calçadão
Um pequeno caule e sua folha
E os batimentos de dois, á um coraçao
Uma pequena muda
Dois meses sem separação
O surgimento de uma delicada e fechada rosa
Dois amantes em procissão
Passam as petalas e se abre a flor
Mais sorrisos e menos dor
E o cheiro doce demais, rosa demais, perfeito demais
Traiçai, desapego, sem paixao
O amor, já acabou, como um fruto que estraga ou como endurece o pão
A rosa, já seca, jogada no chão
eu realmente nao sei escrever
Ana Sep 2018
Da janela do meu mundo
Poderia dizer que a vista é sôfrega
E deprimente,
Prédios que escondem as árvores,
Fábricas que me cegam as estrelas
E lixo que voa pelas ruas
Onde passam pessoas vazias,
Mas estaria a ser injusta,
Injusta para com a Lua
E com a luz que jarra neste rio.
Quando os meus olhos caem
Sob ela são conquistaos,
E esqueço o mundo
E os meus deveres,
Esqueço as árvores escondidas
Pelos prédios,
As fábricas que me cegam as estrelas
E o lixo que voas por estas ruas
Onde passam pessoas vazias.
Hipnotiza-me e o tempo para,
Só de olhar para uma das luas
Incorporadas na imensidão deste Universo,
O tempo para,
O tempo para e eu sou feliz
Por poder-me juntar a ela
Cada noite do resto da minha vida.
pp
Victor Marques Oct 2018
Pensava eu que o mundo nada me dava,
Compreendo pedras sem pedirem nada,
Vivo eu em harmonia com Deus Senhor,
Amando giestas brancas e seu odor...

As noites tem muita harmonia escondida,
As estrelas parecem ter vida,
O orvalho na noite de Outono tudo acalma,
Eu amando tudo com a aura de minha alma...

Parece tudo  ter uma estranha explicação,
Eu olho para o horizonte com amor e gratidão,
As suas cores alaranjadas,  amareladas,
Lindas ao ser contempladas.

Olha tu também para tudo com gratidão e amor,
Fixa os olhos no mundo, no céu e no seu esplendor,
Os dias passam sem termos tempo para tudo bem dizer,
Com pureza e simplicidade a  Deus quero agradecer...


Victor Marques
amor, gratidão , Deus
Rui Serra Sep 2015
corre a brisa suave
é tarde na aldeia
ouço uma colcheia
vem do fundo da cave
é noite de lua cheia
olho então em redor
pessoas passam aqui
jovens a comer cáqui
um futuro promissor
nada de Nagasáqui
Victor Marques Nov 2017
Nasce e torna sempre a nascer….

Os dia passam e as folhas se desprendem dos ramos,
Os passarinhos chilreiam sejam grandes ou pequenos,
Os ninhos são suas casas bem adornadas,
Nasce e vive de mãos dadas…

Nasce e torna te sempre criança,
Vive no eterno amor e com esperança,
A mãe natureza sempre tudo respeita,
O horizonte nasce onde ela se deita…

Sempre a nascer com alegria desmesurada,
Olha para a vida bem ou mal amada,
Nasce para a nova madrugada que tu crias,
Sente com sentido as tristezas e alegrias….

Os ventos que parecem não nascer, nem existir,
Eles batem em que os quer ouvir…
Nasce tu como eu para amar sem contrapartida,
Nasce para o mundo, para a vida….

Victor Marques
nasce,natureza,vida
Mariana Seabra Mar 2022
Acho curioso como, só na língua portuguesa, existem mais de 450 000 palavras e, é impossível manter uma conta exata porque todos os dias são criadas palavras novas.

E por muitas palavras que se tenham criado ao longo da existência da linguagem verbal, muitas das vezes, continuam a ser todas insuficientes para nos expressarmos, para chegarmos ao outro, para que ele nos entenda ou àquilo que tentamos transmitir. Curioso, não é? Nem sempre a abundância serve de muito se não soubermos como a repartir.

Há coisas que não podem ser escritas…Descritas…Mas é tão bonito  tentar!

Há coisas que nasceram para serem faladas, outras para serem simplesmente observadas, outras para serem sentidas, outras para serem ignoradas…Mas há sempre muito mais, muito mais para além do que se vê e do que se pode compreender.

Quantas mais palavras me passam pela cabeça, menos vontade tenho de as escrever. Quanto mais enrolada estiver no meio das emoções, menos vontade tenho de falar sobre elas.

Não acredito que algum dia se possa ter dito tudo, há sempre mais, muito mais.

Mas às vezes, parece que não há nada mais a escrever ou a comunicar. (Mas quem estou eu a tentar enganar?!)

A escrita é só outro abrigo para onde fujo da vida. Um bom abrigo, sim, mas o que acontece quando não quero fugir da vida e sim entrar nela de cabeça?

Ora, aí fujo da escrita!

Talvez seja nesses mesmos momentos em que não consigo escrever nada. Como se não me lembrasse de uma única palavra entre as 450 000 existentes. Nos momentos em que mais quero saltar para a vida, agarrá-la e abraçá-la, senti-la simplesmente, como se nunca me tivessem ensinado o que são as palavras e como as posso utilizar. Há momentos em que não sinto que as precise de usar, então, abro o caderno, olha para a página em branco e, fico só a contemplar.  

Neste momento, parei de perseguir a vida para a poder vir escrever, porque tenho sempre algo mais que quero dizer. E curioso, há muito mais em mim que se pode ler sem ter de carregar o peso de uma única palavra.  

Há uma linguagem secreta entendida por toda a gente, uma linguagem universal e paciente, mas só pode ser compreendida no silêncio, na beleza do olhar, em duas mãos entrelaçadas ou entre lábios que se estão prestes a beijar.
Wörziech May 2013
Embarco, nesse exato instante, em um profundo, ***** e denso espaço contorcido e desconexo; sem regras, sem leis.
Com exatidão, vejo surgirem luminosas rajadas aleatórias, trazendo aos meus olhos uma penumbra sarcástica que aprecia minha estadia em um desconsolo sem medidas.
E o que antes eram apenas traços, logo se fazem vivas imagens rebuscadas por uma beleza não material; começo a ser preenchido, reciprocamente, por esse universo, agora acolhedor; seus “despadrões” e completa instabilidade me fazem sentir, enfim, livre; a penumbra, que se torna indescritivelmente intensa e obscura, em tons humanamente mórbidos, me guia por todos os mundos sem muros de um só momento.
Paira a mutação mental, que, em um aglomerado de parciais ilusões reconhecidamente conectadas, passam a reger alterações de neutralidade; as essências se unificam.
Desfoques, sobrepostas simetrias de cores variáveis; são diversos prazeres, intocáveis lugares
Todos me levam a plainar em um céu que reflete a si próprio; paro, então de me ver, como em uma junção atemporal.
A intolerável morte humana torna-se agora uma morfina irrecusável para a vida.
Ao Abrir, por fim, os meus olhos, vejo nascer o sol outra vez, me queimando e me fazendo regressar para a interminável dor.

— The End —