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Victor Marques Feb 2012
Nascia o amor


Um certo dia de outono,
As noites sonolentas,
Deixei-me ao teu abandono,
Pois, tu me encantas.


O sol espreitava nas penedias,
O orvalho sempre branco,
Tu e tuas alegrias,
Teu amor dá alento.


As janelas estavam fechadas,
Tua pele morena e boca,
Pestanas bem cuidadas,
Nasce o amor numa vida oca.

Victor Marques
Rafael Barcellos Jun 2018
Encurtei o monólogo
Nascia no horizonte, não tão longe
Um novo psicólogo.

Um ano e meio de auto sabotagem
Repetia e repetia: vai melhorar
Mas só piorava, parecia tudo bobagem
E eu seguia a me enganar,
Achava que tinha que, logo, me formar.

Aquilo foi, cada vez mais, pesando
E eu, no fundo, sabia que tava me enganando
Até pra sair da cama, me esforçando
E quase em depressão, entrando.

Num choro de desespero busquei auxílio espiritual
Pedi pros preto, pelo amor de Deus, um sinal
E ele veio. Veio muito claro. Explícito. Gutural.
Enxerguei a possibilidade de cumprir minha missão, afinal.

Fiz minha escolha e decidi mudar
O campus do vale abandonar
No tempo, voltar
Até o vestibular prestar
Pra poder me encontrar
E a psicologia estudar.

Com muita fé em mim e na minha capacidade
Estudei muito. Tive vontade.
Fiz o que pude num tempo que eu não tinha. Tive que ser crente.
Era mãe doente, trabalho de 8h, namorado e cursinho. Podia ficar doente.
Mas o sucesso é meu destino. Já tava escrito.
Meu nome no listão parecia em negrito.

O alívio se fez. Grande sinal.
Me senti mais perto de cumprir minha missão, afinal.
E agora sigo. Ávido pela descoberta
Desse novo mundo. Estou alerta.

Nascia no horizonte, não tão longe
Um novo psicólogo.
Limpou-se a terra e o mar
E os maus pensamentos,
Nascia amor, sentia-se no ar
Coisas de novos encantos!

Tudo era novo agora,
A alegria era ordem do dia,
Acertava-se a nova hora,
O Tempo era a academia!

Ninguém crescia depressa,
Vida não era a mesma correria,
O Homem cumpria a promessa,
Daquilo que sonhamos um dia!

Não havia dor nem maus sentimentos,
Não, não era o céu o mundo onde vivia
Era o mundo que o Homem tanto queria,
Deu-se o valor a esses limados acabamentos!

Ligou-se a dor e o sofrimento
Com o amor e o sentimento,
Se cuidaram  e deram alimento
Exemplificaram esse casamento!

Autor: António Benigno
Código de Autor: 2015.06.03.11.17.06.01
Mariana Seabra Mar 2022
Ó vida!

Que de ti se apagou a luz

Da escrita criativa.



Não foi de ti, vida,

Foi de mim.



Foi de mim que se extinguiu!

E a mim que ela levou,

                Depois que me partiu…

Como se me levasse a vida!

Toda!

            a que existia.



E como é criativa,

A musa que me inspira à escrita!

Foi de mim;

Levou-me a vida;

                              Mas conseguiu deixar-me viva.



“Tem tanto de triste

Como de cruel:

Ser peso morto que respira.”



Escrevi isso em algum papel…

Que logo depois perdi,

Ou se molhou,

Ou o esqueci,

Em algum lugar

Ao qual não pretendo voltar.



Mais tarde, estava de frente com o Mar

Quando dei por mim a chorar…



Em algum momento pensei:

“Talvez a dor da sua partida

Seja outra faísca perdida no ar

À qual me vou agarrar,

E sentir entre os dedos

Antes de a transformar  

Em algo mais.”



O “algo mais” que me referia,

Creio que seja esta desordenada poesia.



É o sangue quente, frio, vermelho, azul, é rio, és fogo,

Sou maresia, és eu, sou tu, somos nós, é o mundo,

É a fantasia, é a verdade disfarçada de ironia,

É dor, é amor, é tudo o que caiba num poema,

É tudo o que faça encher; se possível, transbordar!



Foram tantos!  

Os que me imploraram para os escrever.

Era eu que ia buscar a inspiração;

Ou era ela que me vinha socorrer?!



No frenesim da escrita maldita

Ficou outra questão por responder.



A caneta tornou-se um órgão essencial

Que não pedi para transplantarem cá dentro;

Sentia a sua forte presença nos momentos de maior alento;

Era a ponte que eu percorria, entre o sentir e o saber;

Assisti enquanto se estendia; dobrava! mas nunca partia;

Até encontrar na página branca uma saída

Para poder florescer; e florescia!

Nascia uma folha que era tecida; com uma teia tão fina que ninguém via;

Só brilhava quando a luz lhe batia; resplandecia!

Quando existia uma ligação direta entre mim e a magia;

De estar na beira do precipício entre a morte e a armadilha;

A que escolhem chamar de vida.



Ah! Musa criativa…

A única que me inspira à escrita!

Sei que um dia te irei reler,

Mas só quando estiver pronta para te entender.



Prometo que vou fazer por o merecer!



Talvez quando esta agonia paradoxal

De ser

Tão humana e sentimental

De ter

De amar à distância  

Uma humana tão excecional

Fizer sentido;  

                        Ou então desaparecer!



Foi um “adeus” que nem te cheguei a dizer…



Nem vou tentar romancear

Toda a angústia que vivi; contida

Numa simples despedida.  



Foi como se dissesse adeus à vida!



Pois nem toda a tinta

Alguma vez já vertida

Serviu para camuflar o *****

Que saiu da minha espinha

Quando a adaga me acertou.



Até hoje, nem eu sei como me atingiu!

Se fui eu que não a vi,

Ou se fui eu quem a espetou?!



Mas era *****, muito *****,

Tudo o que de mim sangrou;

Quando descobri,

Num mero dia, num inferno acaso,

Que no final das contas

A única que eu tanto amava

Se tinha entregue a um alguém tão raso.



Tapei os olhos com terra suja!...

Tal como decidiu fazer a minha musa.



“O pior cego é o que não quer ver!”

Prefere fechar os olhos porque abri-los é sofrer!



Induzi-me à cegueira;

Amnésia propositada;

Alma bem trancada;

Tudo para a tentar esquecer.



Tudo para lhe pagar na mesma moeda!



Então, claramente, o desfecho da narrativa só poderia ser:

De olhos bem fechados se deu a queda…



Foi assim que aprendi:

A vingança tal como o ódio,

É veneno para quem a traz!



Parei…

Dei um, dois, três, quatro, cinco mil passos atrás.

Relaxei…

Segui em frente.

                                         Lá ia eu  

                                                        com a corrente…



Inspirei amor e paz.



E foi assim que os abri,

Com uma chapada de água fria.



Não posso dizer que não a mereci.



Foi à chuva, nua, de frente com a verdade pura e crua,  

que descobri do que era capaz; e quando soltei ar de novo,  

expeli branco, afastou-se um corvo, brilhou o sol com a lua atrás, e:



Ahhhhh! Lá estava ela, exatamente ali!



Onde sempre tinha estado.

No lugar que lhe era reservado,

Onde estava eu também.



Olhamo-nos;

Com um olhar triste; influenciado

Por restos de terra suja

Que ainda não se tinham descolado.



                                                             Quase não aguentei;

                               Contrariei

                              A vontade de fugir;

                                                               ­                                                                 ­      
                                                                ­      E sorri-lhe…



Já fui um ser não tão humano,

Que até para amar estava cansado!

Preso por correntes de ilusões;

Ego;

Egoísmo;

E muito mais do que considero errado.



Como tudo na História

Isso pertence apenas ao passado.



Ah! Musa criativa…

A única que me inspira à escrita!

Ela, melhor que ninguém, o deveria saber;

Que me tornei um ninguém melhor,

Só por a conhecer.



Fiquei mais ardida

Que a Roma Antiga!

Quando aquela louca,

Tal musa criativa,

Me pegou na mão

E fez-me a vida colorida.



(Despertou-me fogo no coração!)



Alastrem-se cores de cinza!

Espalhem-se! Que os vamos fazer ver:

Mesmos os templos em ruína

São possíveis de reerguer.

— The End —