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Geografia (2)**

Havia a lua a conquistar: magno evento.
Mas a vida corria normal em solo firme
Ah, e os sustos: o estômago puro vento
Eu silente, exausto, adormecia inerme.
Entanto, no cerrado havia muitas frutinhas.
E havia a revolução, e reuniões de oração.
Quando dormia no meio do Pai-Nosso.
Uma centena de orantes à espera de um milagre.
Então Seu Roque viajava para o Interior –
Com seu carrossel de slides e nossas fotos
Não havia quem não doasse alguma coisa:
- Um capado, um saco de arroz, bananas
Em cachos; voltava no fordinho velho
Mas bem fornido; tão feliz, e barbado.
& The United Brothers enviavam cartas.
Dentro dessas meu primeiro bookmark
E o desejo de conhecer o estrangeiro...
Na escola dominical, aprendi os 10 Mandamentos.
Ficava triste nas tardes de domingo; ainda agora.
Um gosto de mangaba e o dedão do pé doendo
Como quando chutava lobeiras em lugar de bolas.

O abrigo era o melho lugar do mundo limpo
O quintal; o milharal capinado; havia o Careta
Nosso cavalo; o Thinka – latindo para o Leão.
Éramos tão felizes quando banhados à espera
De vovó Cecília e seus doces de buritis...
Jesus, como era o teu nome chamado.
Até que o Filemon teve convulsão e tudo desabou
Sobre nossas cabeças como o Apocalipse de S. João.
Fim.
./.
Poesia, BetoQueiroz, Memorias
Mafe Oct 2012
"Esboços de rostos duvidosos.
Levanta o mestre:
- O amor é excêntrico, faz-nos exasperar a loucura, e infiltra-se em meio a alma pura,
faz gostosuras a cada menção!
Não faço-me incréu frente ao amor.
Ele é fronstispício judicante de nossos erros.
E nem a própria sorte o pode interrogar.
O amor é cego? Faceta da mentira.
O amor é ver demais, é demasiada plenitude.
O amor é predador praticante de cada força,
e nem em quinhentas poesias bardas, em resmas, poderão o definir.
O amor é um requerimento mútuo,
que pode ser negado ou negar-se, renegar-se, resgatar-se.
Resguarda-o, que ele é obtentor da sua obstinação.
Por obséquio resguarde-o com temor,
faz do veneno, pudor, encorajador, amante selador.
Não o deixa obumbrar o teu bater.
Aja de boa fé perante o amor, não banze-o demais,
procurando até ofegar.
Deixe que venha, deixe chegar.
O amor é canurdo de desejo,
carpir e resistir não te emancipará.
Chulo!
Deixa o amor florescer, sem temer,
arremessar suas fraquezas.
É chorado mas é valido, é gotejado de estranhezas.
Um estrangeiro nobre no território do teu estofo e frágil coração.
Mas o amor também é vidraça,
se não o cuidas, o tempo passa,
e cada trinca é o mais ínfimo da solidão."
O Barão do Douro

James Forrester, o Barão do Douro,

Veio do Norte como quem atende um chamado,
Nos vinhedos mergulhou sem farda ou ornamento,
Chamaram-lhe Barão, mas foi raiz e vizinho,
Irmão do xisto, guardião do vinho.

Veio sem espada, mas trouxe o olhar
De quem mapeia montanhas para libertar.
Riscou o Douro em linhas de coragem,
Com tinta de alma desenhou a paisagem.

Queria o vinho livre, inteiro, verdadeiro,
Sem o peso sujo do lucro estrangeiro.
Gritou contra o jogo que rouba e disfarça,
Elevou o Douro em copo e em taça.

Desceu no barco com sede de justiça,
Nas águas levou o sonho à superfície.
Mas o rio, ciumento, puxou-o ao fundo,
E o imortaliza no Douro e no mundo.

Mas não, Barão, não foste calado:
Nos socalcos ecoa teu passo marcado.
Nas pedras ainda arde a tua chama,
O Douro não esquece quem o ama.

Em cada garrafa dorme a tua memória,
Em cada rolha um sopro da tua história.
No murmúrio das folhas, no céu da vindima,
Vive o Barão, eterno, com a sua sina..
James Forrester  Barão Douro

— The End —