Submit your work, meet writers and drop the ads. Become a member
Victor Marques Jan 2017
Quando me levanto e olho da minha janela,
Agradecendo a vida  e o amor que tenho por ela.
As encostas por trabalhadores durienses foram esculpidas,
E suas memorias nunca  esquecidas ....


Agradecendo as geadas que gelam nosso olhar
Vides que esperam uma Primavera,
Nevoeiros que esfumaçam na nossa terra,
Pastores  que pernoitam com o brilho do luar...


Lagartos que hibernam sempre no Inverno,
Noites longas que nos deixam monótonos e tristonhos,
Agradecendo o amor que parece eterno,
Vivendo segundo a lei dos nossos sonhos...


O Sol espreita por vezes de soslaio e sorrateiro,
Agradecendo as noite frias em Janeiro,
O céu fica limpo e pronto para ser contemplado,  
E eu fico meio embasbacado ...


Victor Marques
AGRADECER, INVERNO, FRIO
Meus caros, eu vi!
Quem sabe num sonho, ou talvez não fosse exatamente um sonho
Quem sabe as luzes estivessem baixas demais
E a escuridão que promove vultos, houvesse enegrecido minha mente
-Entorpecido por meus próprios pensamentos-
Ali estava, a visão atemporal da existência

Trafegando por aterradores espaços infinitos
A escuridão assombrava o devastado pântano das almas amaldiçoadas
ouvia-se os gritos daqueles que encontravam ali o fatal destino
Os mortos que estavam aprisionados ansiavam por companhia
Uma fumaça fétida pairava sobre as águas apodrecidas
Animais se decompunham retidos pela lama pegajosa
Vermes se proliferavam naquele ambiente hostil enquanto o atormentador zumbido de moscas preenchia o silêncio daquele lugar horrível
As criaturas mais horrendas e bestiais ali faziam sua morada
à espreita das desavisadas presas que por aquele caminho se perderam

Há um homem perdido em seus próprios passos
Ele caminha ao longo da estrada
Entre-a-vida-e-a-morte
Ele está vivo, mas nunca viveu
Como também está morto, sem de fato ter morrido
Anseia por luz, mas se perde na escuridão do pântano

O bater de asas dos abutres lhe contam que tudo é um sonho, mas também uma profecia
Abaixo da árvore da vida sete urubus mortos estão se decompondo
Não há quem possa devorar seus cadáveres apodrecidos
Uma formosa águia sobrevoa o pântano
Sete ratos tentam se esconder
Sete cobras tentam fugir
Mas a águia devora os sete ratos
E também devora as sete cobras

O homem se torna dois, e um terceiro que não é homem
Ambos deverão transitar pelo inferno
Arrastar-se pela terra infértil da morte
Um morrerá para si mesmo
E renascerá como a fênix mitológica
O outro morrerá eternamente
Consumido pela legião de sombras
Sua tristeza será incomensurável
E como se uma ira brotasse em seu âmago
E uma dor gigantesca consumisse todo o seu ser
Sem derramar uma lágrima
Mergulhará sua existência nas águas esquecidas do Lethe
Embora o primeiro igualmente experimentasse dor tamanha
Ele encontrará seu guia dentro de si mesmo
Pois o guia na escuridão é a luz
Na luz nenhuma escuridão prevalece

O terceiro é como se jamais existisse
Permanecendo no limbo do crepúsculo
Sem dormir ou acordar
Apodrecendo como os urubus mortos aos pés da árvore da vida
Sem jamais experimentar seus frutos

Os três se tornam um só novamente
Mas algo havia mudado
Já não poderia mais ser o mesmo

E como num súbito – abri meus olhos
Não poderia ter sido um sonho
Por mais que estivesse sonhando…
Meus caros, eu vi!
Marco Raimondi Jun 2017
Tenho me permitido às mágoas, os sonhos perdidos,
Quando, na garganta, sinto vaga embriaguez aflita,
Cuja glória extinta de um moribundo imita
Em insurreições e alternos sentidos já lidos

Como fere-me este desespero parido!
Explicito nesta consciência insistentemente maldita
A expressão, trêmula, ébria e inaudita
De meu materializado relato interrompido

Ah! Indefinida sombra que se enfeita
Por que teu escuro movimento me espreita,
Se minha aguça voz abate-se em calabouços?

Interrogo-me à esta paixão imperfeita:
Para onde vai minha alma tão desfeita?
E primitivamente, apenas o silêncio ouço
Rui Serra Apr 2015
o vento fazia o pó levantar.
de olhar maduro,
óculos de protecção,
casaco preto e chapéu,
ao peito um medalhão.
ele era um rapaz nobre.
nunca se tinha visto ninguém como ele.
que segredos antigos estavam à espreita?
e ali estava ele,
flutuando na magia da brisa.
ao peito a mais perfeita arma de julgamento.
cano curto.
o segredo fora revelado,
e o carrasco chegava para mim.
com uma intenção maravilhosa de assassino malicioso,
Spyglass olhou-me nos olhos
e senti o vento no meu cabelo.
flashes de fogo na calada da noite.
a maravilhosa máquina de sua majestade.
gritei: "semeador de chumbo".
o sangue, escuro, corria, mortal.
A lua apresenta-se como dia
Para confundir a escuridão
À meia noite o sol resplandece

O olhar se volta para o alto
O corpo espreita o abismo
Esperança é desespero, e
Desespero é esperança

O calor está esfriando a alma
A água incendeia-se em chamas
E faz nevar

A luz que ilumina
Esconde em si a eterna noite
O abismo esconde o infinito
Ou a morte eterna...

O louco arrisca tudo
no destino incerto....
Já se esqueceu de seu corpo
Já se livrou da morte
chamando-a para si

Mas o verdadeiro louco...
Sequer sabe do abismo
Seus olhos são apenas estrelas
Seu alvo é apenas o céu
Não sabe que vai cair...
Gil Mar 2018
um céu rosado ao fim da tarde
chuva e frio,
mas tu aqueces-me o coração
chove para adormecer
relaxo o corpo,
mas a mente não

perguntas-me: vamos?
eu percorro caminhos demasiado estreitos para ir acompanhado

e tu dizes: e se for atrás de ti?
és a minha voz da razão

em fila caminhamos de mãos dadas
afinal esta estrada solitária faz-se bem com companhia

-então? para onde vamos?
espreita-me por cima do ombro.
pelo canto do olho vejo-lhe o entusiasmo nas bochechas

olho para cima para pensar
vejo um bando de pássaros a voar por cima da estrada
para um horizonte distante e respondo: vamos por ali
dead0phelia Apr 2022
tenho que me apaixonar por essa cidade
feito planta emparedada com os galhos suspensos escondendo o viaduto podre
é bonito demais o sangue no meio do verde
vida e morte
amo essa palavra como quem ama o que não existe
mas que esta bem ali sempre a espreita
de repente concreto
o motorista bateu no meio fio
a roda de ferro comeu o couro do pneu
"perdi quinhentao"
que recepção
o calor subindo da pedra  e fervendo meu juízo
paulista interditada no domingo pros crentes encherem o saco debaixo da minha janela entra na minha casa entra na minha vida mexe com minha estrutura
eu sinceramente poderia ser o meio fio e algum deles a roda
que bela vista seria
Travessia
com letra maiúscula por que é
a única que interessa
começou o complexo de lispector te situa menina
pobre tudo impressiona demais, mas nada encanta
Cláudio Costa Feb 2023
Visão cega dum vão cultivar,
Anseio que derrama, ***** e mudo,
Ao longe o vislumbre de ti a passar
Escorre de mim sedento, sem ar,
A drenar lento por um canudo
sob um ser que finge ser,
ser que sabe fugir
mas não sabe desprender;
Ser que não serve para sentir,
mas sente para viver.

Já não sei seguir sem par
a cruzar rotas noutros trilhos
O fulgor do teu olhar,
por mais que o queira cuidar
vai cruzando noutros brilhos.
Indício que vem num tumulto agudo
Pulsar de veia que me assalta,
espreita o clarão pelo canudo
e a luz escorre na tua falta.
Sai de mim, por tudo te peço;
Sai de mim, mas não me leves
e deixa durar os dias breves,
assim que saias verei se os esqueço.
Sai de mim, mas leva a saudade
E deixa-me noutra realidade
Uma na qual não te conheço.

Memória reclusa, cativo tesouro
de fios mognos no sol louro,
Risos soltos em cabelos revoltos,
Imagem tua, miragem de um ser
que em quietude à distância
me dá ânsia de te ver.
Ecoa a afastar e prende-me ao chão,
Semeia desígnios num solo a vagar,
Curva-se e colhe sombras em vão.

Nado no rio que corre sem dor,
que é meu e finda num mar interior
Estou aqui, estou agora
Espreito-me de dentro para fora,
Vejo a eira a cultivar,
Trago grãos p'ra semear,
a visão cega fixa-se perto
E desvanece a clarear
um amanhã sempre incerto,
sempre brumoso a se esboçar.
¯\_(ツ)_/¯

— The End —