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Lua Bastos Apr 2015
Na neblina abafada
Dentre as árvores, dentre algas
Sentir a água
Ouvir os cantos
Cintilante
Suas mãos quentes tocaram meu tornozelo
Seu coração frio tocou o meu
Oh, Deus,
Se realmente estou apaixonado
Me faça não querer deixa-la
Os corações que já quebrei,
não se comparam ao dela
Deixe-me ficar
Se realmente estou apaixonado,
me diga se ela corresponde
Seu canto entrou em meus ouvidos
Uma sintonia aveludada,
salgada,
com uma pitada de perigo
O som dos pingos de água se rebatendo
Venha comigo, vamos viver juntos
Seja minha esposa.
Presa por algemas de areia
Se rebatia enquanto suas mãos puxavam as minhas
Delicada.
Uma beleza agoniante
Oh, Deus,
O que será de mim?
Um vida fria terei caso não ficar com ela.
Me trazendo para a água
Sussurrando feitiços e me deixando cego pelo amor
Meu corpo logo estará submerso
Estou indo
Ofegante
Coração frio, mãos quentes, beleza agoniante
Vendo a escuridão
Cego por um amor planejado
Um coração antes sujo,
fora iludido por olhos vibrantes
e pele cintilante
O coração quente fora apagado,
sentindo amor.
Oh, Deus,
diga-me, terminarei sendo enganado?
Wörziech May 2014
e com a falta dos ventos vindos do sul,
deixa conscientemente de sentir a liberdade de rodar estradas a fora.

Somente paira nele o interesse por presenciar ares históricos
e as tonalidades azuis entardecidas de trilhas já traçadas pelas correntes em Istambul.

Há de se dizer que peculiarmente nesse instante,
percebe, nele próprio, pontuações apanhadas
que sua adorável gaita não tardaria a memorar:

Não é como o desconhecimento prévio
de uma viagem antiquada;

Tampouco uma imitação da intermitente angústia
pela eclosão de sentimentos vendidos em cápsulas;
Menos ainda assemelha-se com as incertezas graduais
que ocasionalmente acercam uma mente amada;

Incomparável é àquela perda do título real
concedido pelos grifos dos selos já borrados,
jogados sobre a mesa e observados em companhia
de aspirações psíquicas,
sentida em uma insana tarde corroída pelo vício.

É, em verdade,
o ruído, abafado e sintetizado,
dos restos talhados em um porão sempre a oeste,
através dos trompetes, de fumaça e metal,
regidos em orquestra pelo grupo
Camaradas do Estado Mundial.

Uma sequência sonora que perdura a narrar uma bela ficção.
A trajetória dum velho chamado Cristóvão a desbravar,
com pensamentos amenos,
terras sem dono e de corpos sem coração.
A bela construção ideológica de utilizar a dor de seus pés
para tornar esquecida aquela no peito,
provocada pelos seus negros palpitantes pulmões.

Enredo a cantarolar sua bravura por abandonar o grande cavalo
não mais selvagem autônomo e colocar-se frente ao sol túrgido no
horizonte;
desdobrando uma desregrada peregrinação atormentada pela poeira em sua narina e uma ocasional perca de controle promovida
por uma tosse ora doce, ora amarga.

Sempre em sintonia com as batidas de uma nota perdida,
adentrando o território de brasões a cores e a gesticular com gentis ramos de um mato esquecido,
vira caminharem ao seu lado alguns dos seus mais queridos juízos.

Precisamente com seu conjunto de novos e velhos amigos, o calor do espaço ele agora prioriza sentir;

De pés descalços, somente se concentra em seu ininterrupto primeiro passo,
deixando de lado o frenético, deliberado e contínuo deslocar de aço
através das regulares e vagas pontes asfálticas pelas quais todos os dias ele fatalmente necessitava deixar suas despersonalizadas pegadas;
pontes que continuam a apontar o caminho plástico e pomposo
para o estável mundo das mais belas famílias a venderem, amontoadas,
suas próprias almas à beira da estrada rígida e sem graça.

*"Viajará fora das estradas!"
Dayanne Mendes Sep 2013
Eu não sei, mas eu sinto que meus pés encontraram um rumo,
E esse é meu sinal de partida,
Mesmo eu não indo tão longe,

Eu vou acabar te deixando pra trás,
Mas eu não sei, se mesmo assim,
Tudo vai continuar,

E eu fiz tanta loucura, pra estar com você,
Sem saber, que iria te deixar sem mágoa,
Eu fiz tudo que podia ter feito,

E acordei preparando minha mala,
E acordei deixando me levar,
Pelo vento, e pela água do mar.
O desenho inscrito sobe a forma de sinais,
Que percorrem o mapa secreto desse corpo,
Onde no olhar se vêm certezas divinais,
Mais secreto é saber que alimentas o meu horto!

O dilema repleto de infindáveis caminhos,
Onde a escuridão que existira se esfumou,
Nossos dizeres tornam-se atos e miminhos,
Essas dúvidas são claras e o tempo levou!

Como tu eu sinto que o melhor é mesmo acreditar,
Soltar-me no vento e explorar o sentimento quente,
Que chegou recheado de sonhos e contornos de cativar,
É porém o desenho do teu rosto que guardo tão presente!

Presente tão bom, presente que Deus me enviou no caminho,
Posso mesmo confiar que tenho vontade de ir pela avenida,
Nem tão pouco, nem tão perto a luz do fundo eu imagino,
Mas o alimento que trouxeste e que a ti vai deixando com vida!

Segue nas minhas veias na esperança de te poder hoje e sempre olhar,
Apertar-te nos braços e encontrar o meu, em tempos já distante Norte,
E hoje aperto em minha mão a bússola que me trouxeste em passaporte,
Para o vão da felicidade, de que hoje quero acreditar, e comigo, a ti levar!

Autor: António Benigno
Para ti Lili…
Serafeim Blazej Sep 2016
Uma vez um garoto me disse
"Viva uma história que valha a pena contar"
Eu me apaixonei por esse garoto
E ele desapareceu, levando meu coração
Deixando minha mente lidar com os sentimentos

Por favor garoto
Devolva meu coração
Volte para mim
Devolva meu coração

Uma vez meu amor me disse
Para não esquecer de ser incrível
Para não esquecer de fazer cada dia melhor
Para não planejar o futuro
Mas viver o presente

Por favor garoto
Devolva meu coração
Volte para mim, por favor
Devolva meu coração, eu imploro

Uma vez eu conheci um garoto
Ele era radiante
Ele me amou com toda a sua energia
E eu me apaixonei, mas ele foi embora
E levou tudo de mim
E ele levou meu coração
E só deixou a casca para trás

Por favor garoto
Devolva meu coração
Eu estou de joelhos, implorando
Volte para mim
E devolva meu coração
Pelo nosso velho amor, por favor

Uma vez eu vi um garoto
Nós rimos juntos
Nós nos amamos intensamente
E então ele se foi
Me deixou para trás
E levou meu coração
E nunca mais devolveu

Uma vez eu reencontrei meu garoto
E ele me devolveu meu coração
E me deu também o seu
E desapareceu para sempre
Poema.
Era para ser uma música também.
Fazia parte de uma história.

("Once a boy")
Mariah Tulli Feb 2019
Chovia a umas três horas, nada tão diferente de dias normais em São Paulo. Clara se arrumava para o trabalho com aquela pressa de quem ia perder o trem, mas na verdade era apenas a euforia pro segundo encontro com Luisa, que ia acontecer no fim do expediente. Se desesperou mais ainda quando olhou para cama e viu o tanto de roupa que havia deixado espalhada.  E se no final nós viermos para minha casa? Vai estar tudo uma bagunça, pensou ela, mas deixou assim mesmo, pois não queria criar expectativas demais, era apenas o segundo encontro e como já havia notado, Luisa parecia ser daquelas meninas meio tímidas de início. Pronto, calça preta, blusa preta e um boné vermelho que combinava com o tênis, pois em dias de chuva era necessário já que sempre perdia a sombrinha.

- Oii linda, então está tudo certo pra hoje né? Saio às 17h e prometo não atrasar. Disse clara enfatizando aquela idéia de pontualidade mais pra ela mesma do que para Luisa.
- Clara.. ops, claro rs! Te encontro no metrô perto do seu trabalho :)

Luisa tinha mania de fazer piadas com coisas bem bobas, era sua marca. Logo em seguida da mensagem enviada percebeu que mais uma vez tinha feito isso e riu de si mesma. Assim se estendeu o dia, Luisa sem muito o que fazer pois era seu dia de folga, então estava com todo o tempo do mundo para se arrumar, mas era daquelas decididas que pensava na roupa que iria vestir enquanto tomava banho e em dez minutos já estava pronta. O relógio despertou às 16h, trinta minutos se arrumando e mais trinta no metrô. Luisa estava pontualmente no local combinado, mesmo sabendo que Clara iria demorar mais um pouco ate finalizar todas as tarefas. Mais trinta minutos se passaram e nesse tempo Luisa já estava sentada em um bar ao lado da saída lateral do metrô com uma cerveja na mão, avistou aquele sorriso intenso de Clara, sorriu de volta cantarolando em sua cabeça “cê tem uma cara de quem vai fuder minha vida”, música vívida entre os jovens.

-Desculpa, te deixei esperando mais uma vez, como vamos resolver essa dívida aí? Disse clara esperando que a resposta fosse “com um beijo”.
-Sem problemas, já estou quase me acostumando, me rendi a uma cerveja, mas podemos beber outras lá em casa, o que acha?

Sem mais nem menos Clara aceitou e ficou surpresa pelo convite, a timidez percebida por ela já tinha ido embora pelo jeito. Chegando lá sentou em um colchão em cima de um pallet que ficava na sala e começou a analisar todo o ambiente, uma estante com dezenas de livros e três plantas pequenas no topo. Luisa com o tempo livre do dia deixou a casa toda arrumada e a geladeira cheia de cerveja, abriu uma garrafa e sentou-se ao lado de Clara em seu sofá improvisado.

-Posso? Pergunta Luisa ao indicar que queria passar a mão no sidecut de Clara.
-Claro, aproveita que raspei ontem.

Com a deixa para carícias, a mão ia deslizando de um lado para o outro em um toque suave na parte raspada do cabelo, até chegar ao ponto em que Clara já estava ficando um pouco excitada e gentilmente virou-se para Luisa encarou-a e sorriu, sem dizer nada, silêncio total, deixando aquela tensão pré beijo no ar por uns segundos. E sem nenhum esforço deixou que acontecesse naturalmente, sentindo aquele beijo encantador de Luisa. Pernas se entrelaçaram, corpos mais pertos um do outro, Clara acariciava lentamente o ombro de Luisa, aproveitando o movimento para abaixar a alça de sua blusa e dar um leve beijo na parte exposta, se estendendo ao pescoço, fazendo Luisa se arrepiar. Naquele momento o ambiente começa a ficar mais quente e num piscar de olhos as duas já se livraram de suas blusas. Clara volta a acariciar a pele de Luisa, mas dessa vez mais intensamente, percorre a mão pela barriga, puxa cuidadosamente a pele perto do quadril para conter o tesão, vai deslizando pela coxa, e num movimento quase imperceptível abaixa o short de Luisa e beija seus lábios molhados, fazendo-a soltar gemidos de excitação, criando um clima mais ofegante. Luisa em um mix de sensações sentiu a pulsação mais rápida de suas veias acelerado o coração, pernas tremendo e mãos suando, até perceber que aquele oral era o primeiro em que se entregava por completo, e se entregou.  Estava segura de si que aquilo era mágica e com a respiração voltando ao normal, posou um sorriso no rosto, abraçou Clara e perdurou o afago até cair no sono.
Rui Serra Jan 2014
O vento sopra por entre as folhas que vão caindo lentamente, o chão vai ficando como uma esteira dourada, a pouco e pouco as árvores vão-se
desnudando, deixando a descoberto, todo aquele tecido que as envolve num mistério tal. Envelhecer!
Sim é um pouco isso, deixar de parte as máscaras que nos encobriam desde a juventude, e tornar público, aquilo que realmente somos, deixar
ver as rugas de um tempo ido e recordado, deixar transparecer a pura essência que realmente somos.
Apreciamos num quadro as fissuras da tela, marcas de um tempo que teima em passar. Se assim é, porque é que não aceitamos o nosso envelhecimento, como fissuras em tela antiga?
Talvez porque é aqui, que pela primeira vez somos realmente nós, sem sombra de dúvida, talvez porque, simplesmente o receamos. Talvez tenhamos receio de olhar de frente o espelho da vida e ver que não voltamos mais a ser crianças.
Rui Serra Sep 2015
o vento sopra
através do esqueleto do casario
sussurrando pensamentos de outrora

pensamentos
emoções
ideias

um som pulsante
habita na minha mente
não me deixando dormir

um único pensamento
fica preso à minha existência

e viajo
de pensamento em pensamento

e a ideia cresce
alimentando o meu outro eu

não estou mais só
Victor Marques Jun 2022
Quando me levanto de madrugada,
Sem  roteiro para  minha alma,
A noite me invadiu com calma,
Eu acordei sempre nu ,
Ouvindo um eu que parece tu,
Sentindo o cheiro da orvalhada.

Quando não me levanto ,
Me perco com outro encanto,
Sublime, puro e singular,
Passarada a chilrear,
Grilos e rãs a festejar,
O mundo não quer parar.

Quando me levanto com sono,
Para o mundo com amor e abandono,
Natureza  que despertas também,
Sol ou chuva que nos quer bem,
Zumbidos de tudo que quer viver,
Acordar e bendizer o amanhecer.

Quando me levanto sem querer,
Amando tudo que é ser,
Rejubilo com este ciclo conhecido,
Vivendo sem ter vivido,
Me reconcilio com o universo repetidamente,
Deixando de ser eu pedaço de gente.


Victor Marques
levantar, universo, vida
Mariah Tulli May 2017
É incrível pensar que quando você se envolve com alguém e deixa esse alguém entrar em sua vida, sua casa, seu lar, você está deixando a energia dela entrar e integrar seu ser, sua casa, seu lar.
É incrível como nosso cérebro captura diversos momentos e mais tarde torna-os em memórias que ficam presentes nos ambientes que foram compartilhados por essas pessoas. E quando você experimenta dessa memória nesses ambientes, você se vê presente nela mais uma vez, trazendo a tona tudo o que foi vivido, compartilhado.
É incrível, tipo quando eu deito na minha cama (lugar onde acumula muito da nossa energia por ja termos passado variados instantes nela) e revivo cada toque seu, diversos sorrisos involuntários trocados e os seus com essa covinha marcante, carícias em minha pele, relembro aquele famoso cafuné no meu undercut que já cresce um pouco, respiradas profundas seguidas de abraços apertados, imagino e a imagem parece real de novo, retratando aqueles sorrisos que os olhos fazem questão de dar.

É incrível como me vejo nesta cena representada por lembranças e me sinto feliz.
Dayanne Mendes Nov 2023
Esqueci de não mandar mensagem
Esqueci do horário
Esqueci que os sentimentos espalhados eram meus, não seus

Fui tomando o café requentado
Nem reparei no gosto amargo
Na pressa de estar acordado
De enxergar algo bom entre eu e você

Fui me deixando de lado
Cada vírgula fora do lugar, um incômodo
Uma explicação
Pro que não devia nem ser explicado

Desaguou o desamor

— The End —